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Mortes por covid equivalem a 5 anos de homicídios na região

DA REDAÇÃO

| Edição de 20 de outubro de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Em seis meses, as mortes por Covid-19 registradas na região se equivalem aos números de mortes por homicídios dos últimos quatro anos. Levantamento realizado pela Tribuna com base nos dados estatísticos da Secretaria da Segurança Pública (Sesp) e da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) apontam que, entre 2015 e 2019, foram  258 vítimas de assassinatos nos 28 municípios da região, que englobam Vale do Ivaí, Arapongas e Sabáudia.

Desde o dia 13 de abril deste ano, quando a primeira morte da região pelo coronavírus foi registrada em Arapongas, 246 pessoas já perderam a vida, vítimas da doença. Em comparação com as mortes por homicídios dolosos - quando há intenção de matar - foi necessário somar registros dos anos de 2015 até 2019 para um saldo de 258 mortes. 
A comparação chama a atenção por se tratar de um alto índice de mortes em um curto período de tempo. 
Para o médico Chefe da 16ª Regional de Saúde (RS) de Apucarana Altimar Carletto, o caráter de uma pandemia é causar muito dano rapidamente, porém nos dois casos, a exposição desnecessária pode ser determinante. “Em geral, as mortes violentas, sejam elas no trânsito ou assassinatos, acontecem quando uma pessoa está exposta de alguma forma àquela situação. Da mesma forma, durante uma pandemia, se você se expõe de uma maneira inadequada, pode se contaminar e então podemos dizer que, das duas formas, mortes poderiam ser evitadas”, considerou. 
De acordo com Carletto, apesar do alto índice de contaminação e óbitos que vivemos semanas atrás, é possível perceber uma redução nos dois casos. “Hoje, o número de óbitos em relação ao número de casos é menor, porque com o passar do tempo, fomos descobrindo formas de abordar a doença como o uso de corticoides, anticoagulantes, entre outros tratamentos que foram sendo descobertos depois de 4 a 5 meses de evolução da doença. Também passamos a incentivar o tratamento precoce, com a procura de um médico a partir dos primeiros sintomas, e isso faz toda a diferença agora. A partir disto, começamos a registrar um deficit de mortes”, explicou. 
Ainda de acordo com ele, todos os cuidados em relação ao isolamento social e uso de máscaras tem ajudado a salvar vidas. “Uma pandemia tem essa característica de um alto índice de contaminação que vai fazendo rapidamente suas vítimas, por isso os cuidados do dia a dia são tão importantes. A pandemia não acabou e está muito forte. O que temos no momento é uma curva muito menor, justamente por causa de todos os esforços dedicados para o controle. É importante ter a consciência de que, se a população afrouxar os cuidados, a situação pode piorar, como hoje está acontecendo na Europa”, alertou.