CIDADES

min de leitura - #

Para Sardenberg, caso da JBS bloqueou avanços da economia

Editoria de Cidades

| Edição de 27 de junho de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022
Imagem descritiva da notícia Para Sardenberg, caso da JBS bloqueou avanços da economia

Fique por dentro do que acontece em Apucarana, Arapongas e região, assine a Tribuna do Norte.

O jornalista Carlos Alberto Sardenberg, âncora do programa CBN Brasil e comentarista da Globonews e Jornal da Globo, afirmou ontem em Apucarana que a equipe econômica do presidente Michel Temer é a grande fiadora do governo do peemedebista, atolado em denúncias de corrupção. O analista afirmou, no entanto, que o escândalo envolvendo a JBS “bloqueou” as melhorias que vinham sendo implementadas na economia, trazendo de volta um cenário de indefinição. 
Sardenberg foi uma das atrações da primeira rodada do ciclo de palestras promovido pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Apucarana (Acia), Fórum Desenvolve Apucarana e jornal Tribuna do Norte, com patrocínio da Sanepar, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e Agência de Fomento do Paraná. O evento contou ainda com a presença do deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), relator da Comissão Especial de Reforma Tributária da Câmara Federal (leia nesta página).
Segundo o jornalista da Globo, a economia vinha registrando bons resultados, com queda da inflação e, consequentemente, com juros mais baixos. “Os indicadores mostram que a recessão terminou no começo deste ano. Vários setores estão mostrando recuperação. O agronegócio também ajudou com grandes safras. Além disso, os índices de confiança estavam claramente melhorando. Era um ambiente que vinha se consolidando até a delação da JBS”, afirma Sardenberg. Segundo o jornalista, a delação premiada do empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, “bloqueou” esse cenário de recuperação. “Foi um choque muito grande. Você percebe claramente nos indicadores que todos registraram uma queda forte após o escândalo, com impacto na Bolsa de Valores, os juros e o dólar subiram, os índices de confiança da indústria e do consumidor voltaram a cair”, assinala.

Imagem ilustrativa da imagem Para Sardenberg, caso da JBS bloqueou avanços da economia
Sardenberg durante palestra em Apucarana (Delair Garcia)

REFORMAS
Para Sardenberg, a recuperação da economia depende diretamente das reformas em votação no Congresso e a tramitação dos projetos é travada com as denúncias contra Temer. “A posição do governo ficou muito ruim com a denúncia do procurador Rodrigo Janot. É a primeira vez na história que você tem um presidente processado no curso do mandato por corrupção”.
No entanto, ele não acredita na renúncia ou na saída do presidente. O jornalista entende que Temer vai ficar até 2018, já que tem maioria no Congresso e mais habilidade de negociação com os parlamentares do que a antecessora Dilma Rousseff (PT). No entanto, tudo pode mudar em caso de novas evidências ou alguma mobilização popular grande. “Mas acho isso improvável”, pondera.
Em meio a essa turbulência, Sardenberg observa que a manutenção da equipe econômica é essencial. “(A equipe econômica de Temer) É uma âncora, respeitada dentro e fora do país; está conseguindo operar, tem um processo de arrumação em curso”, afirma, assinalando que a equipe econômica é “fiadora” do governo. “O pior cenário é a equipe econômica sair, ficando Temer ou não”, resume. Quanto às reformas, ele diz que a trabalhista já está encaminhada, enquanto a previdenciária deve ser analisada no segundo semestre, mas não como um todo, como estava previsto antes do escândalo da JBS. 
Para 2018, Sardenberg projeta um cenário aberto. No entanto, afirma que haverá mudanças de nomes. “Acho que Lula e Dilma, do PT, e Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra, do PSDB, que foram ao segundo turno nas últimas eleições, estão fora”. Ele cita João Dória (PSDB), Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSC) e Ciro Gomes (PSB) como possibilidades. Não citados na Lava Jato, eles podem aparecer com força na próxima disputa presidencial. 

Reforma para simplificar e redistribuir tributos 

Imagem ilustrativa da imagem Para Sardenberg, caso da JBS bloqueou avanços da economia
Hauly fala a plateia em Apucarana (Foto: Delair Garcia)


Na categoria de relator da Reforma Tributária, o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB) defendeu ontem em Apucarana, durante palestra, a simplificação do sistema tributário brasileiro. 
“Nosso projeto é de simplificar, colocar alta tecnologia no processo e fazer uma mudança radical na tributação brasileira, que hoje é um dos maiores empecilhos para o crescimento econômico e para a distribuição de renda para os mais pobres. Queremos ajudar a reerguer a economia e ajudar o Brasil a crescer novamente”, destacou o deputado.
Segundo ele, esta foi a 50ª palestra dada por ele sobre a Reforma Tributária, onde ele aproveita não apenas para explanar as suas intenções na relatoria, mas para também ouvir as pessoas. “Pretendo fazer mais 30 palestras para que, ao chegar agosto, possamos abrir o debate na Câmara dos Deputados. A realidade é que temos municípios fracos, estados fracos, governo federal fraco, câmara fraquíssima, indústrias fracas e população sofrendo com demissões e baixos salários. Se essa situação é ruim, ela pelo menos é benéfica para uma reforma como a que estamos propondo”.
Segundo ele, a proposta de reforma pode ser aprovada mesmo com crise. “Ficando ou não o Michel Temer na presidência, não importa. Nossa proposta tem um conteúdo social e econômico. Queremos tirar os impostos que mais pesam no bolso do trabalhador, como remédios e comida. Também vamos cortar o imposto de máquinas e equipamentos. Só o Brasil e o Paquistão cobram impostos desta natureza. A ideia é realocar a carga, tirar o peso de quem ganha menos e colocar em quem ganha mais. Cortar impostos de bens, consumo e serviços e aumentar os baseados em renda e patrimônio. Os países que adotaram esse sistema foram os que conseguiram uma maior redistribuição de renda”, diz.
Ele também falou da crise econômica enfrentada atualmente. “Vi muitas crises irem e virem, mas esta é uma crise política e ética que abalou de maneira brutal a economia. E não tem como sair dessa crise econômica se não resolver a política. As denúncias estão surgindo dia após dia. Precisamos aguardar para ver se elas vão ser provadas. De qualquer maneira, o governo está muito ferido. Ele não tem a confiança da população”, destacou.