A passagem de linha férrea no final da Avenida Tancredo Neves, em Jandaia do Sul, no acesso à BR-376 saída para Mandaguari, tem se tornado notícia frequente pela quantidade de acidentes registrados envolvendo trens. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros do município, somente neste ano, até agora, já foram 7, média de um acidente por mês. Para motoristas e moradores da região, a falta de sinalização e de visibilidade no local são as principais causas dos acidentes.
O local é entrada e saída da cidade para diversos municípios da região e ponto importante de passagem de caminhões que fazem escoamento da produção de cana de açúcar, já que a cidade possui uma usina de beneficiamento. O último incidente, registrado na segunda-feira, envolveu uma carreta canavieira. Além disso, o trecho é passagem obrigatória para alunos da Fafijan e do campus da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que funcionam no mesmo prédio próximo à passagem de nível.
Morador da região há 37 anos, Ataíde Rodrigues de Souza acompanha a situação e já viu diversos acidentes. Ele acredita que falta sinalização no local que é de difícil visibilidade para motoristas, principalmente para os caminhões carregados que passam por ali. “Quando tem tráfego mais pesado aqui, o espaço não dá conta dos carros, principalmente porque passam muitos caminhões aqui. Podia ser feito um viaduto pra linha do trem passar fora da rua, isso ia desafogar bem o trânsito e evitar acidentes”, disse.
Outro jandaiense insatisfeito com a situação do local é o engenheiro Emerson Duarte. Ele trabalha em uma empresa que fica às margens da ferrovia há 8 anos e diz que a situação do local beira o caos. “Além dos acidentes constantes essa linha de trem aqui estrangula o trânsito. Em horários de pico, chegamos a ficar parados até 16 minutos nesse trecho quando o trem passa. Sem contar que a visibilidade de quem vem de carro para atravessar a linha é muito ruim, pois fica numa subida, com curva”, reclama.
SINALIZAÇÃO
Proprietária de um restaurante bem em frente ao local dos acidentes, Dulcineia de Fátima Messias conta que trabalha no local há 10 anos e vários caminhoneiros que já se envolveram em colisões ali, são clientes do restaurante. “Eles (motoristas) reclamam que não dá pra ver o trem, não tem sinalização e, às vezes, o trem buzina muito em cima. Se estiver passando com o caminhão carregado não dá para parar. Mas o certo mesmo é prestar atenção e parar. A gente vê que tem muita imprudência também em alguns casos”, afirmou.
Duplicação da rodovia previa melhorias para o trecho
O prefeito de Jandaia do Sul, Benedito José Púpio, o Ditão, afirma que no local as condições do pavimento, acessibilidade e demais melhorias para pedestres e veículos que são de responsabilidade da administração municipal estão em dia, mas a solução para o problema envolve uma ampla obra que abrange a duplicação da BR-376 e a construção de um contorno para desafogar o trânsito que fica estrangulado no trevo que fica bem em frente a passagem de nível.
De acordo com ele, essas modificações estavam previstas no pacote de melhorias da Viapar, concessionária que administra o trecho, porém não foram realizadas porque uma parte da população foi contrária na época às desapropriações que seriam realizadas para que a obra pudesse ser realizada.
“A solução para os acidentes daquela passagem de nível seria a duplicação e o desvio com viaduto. Assim, a passagem do trem ficaria fora da via. Estamos com esse projeto parado no DER há mais de dois anos e ainda sem previsão ”, disse o prefeito.
A reportagem entrou em contato com o Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná (DER) para saber se existe alguma previsão de obra para o local, porém o órgão, por meio da assessoria, não passou nenhum posicionamento sobre o assunto até o fechamento desta edição.
Sinalização dentro das normas
Em nota, a empresa que administra a ferrovia que passa por Jandaia do Sul afirmou que “Os abalroamentos no local são ocasionados por motoristas que não respeitam a sinalização e tentam atravessar a ferrovia no momento em que o trem se aproxima, não adotando os procedimentos de segurança: ‘pare, olhe e escute’”.
A nota prossegue: “Vale ressaltar que o cruzamento onde foram registradas as ocorrências é devidamente sinalizado e conforme as leis do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), as melhorias de sinalização rodoviária na transposição da linha férrea, condições do pavimento, acessibilidade e demais melhorias para pedestres e veículos são de responsabilidade da administração municipal. A empresa trabalha frequentemente campanhas de segurança, envolvendo escolas e comunidades próximas à linha férrea que administra”.