Um dia depois do governo federal anunciar o aumento do imposto sobre os combustíveis, vários postos da região já reajustaram os preços. No final da tarde de ontem, a maioria dos estabelecimentos de Apucarana, Arapongas e Ivaiporã já havia alterado os valores da gasolina, etanol e diesel nas bombas. Além dos motoristas, o aumento causou reações e protestos de empresários e de outros setores, uma vez que a alta impacta diretamente no bolso do consumidor e também na contabilidade das empresas.
Em Apucarana, boa parte dos estabelecimentos repassou a alta ainda ontem. No entanto, alguns ainda mantinham o preço antigo até o final da tarte. Com isso, era possível encontrar a gasolina custando R$ 3,55 em um posto e, em outro, R$ 3,99. Já o etanol variava entre R$ 2,55 e R$ 2,89. O diesel ultrapassou a barreira dos R$ 3 e foi encontrado custando até R$ 3,09. Nos postos que ainda não haviam reajustado os preços, foi possível encontrar o combustível a R$ 2,77.
Com a alta da gasolina, a diferença média de um tanque de combustível em um veículo popular, de 55 litros, pode chegar a até R$ 20. “É um absurdo. Sempre sobra para o consumidor. Eu, que uso o carro como ferramenta de trabalho, acabo sentindo no bolso. Gasto, por mês, pelo menos R$ 1,3 mil em gasolina. Com o reajuste, os gastos podem chegar a até R$ 1,7 mil”, afirma o empresário apucaranense Israel Santos.
A costureira Aline Souza também reclama. “Para quem precisa do carro, é difícil. Eu uso meu veículo no dia a dia e vou ter que gastar bem mais para abastecer o carro”, diz. O manobrista de trens Willian Cézar afirma que vai ser necessário procurar maneiras de reduzir o uso do veículo. “O problema é que daqui a pouco vamos ser obrigados a abandonar o carro. Com esses valores, a situação vai ficar inviável”, ressalta.
ARAPONGAS
Em Arapongas, praticamente todos os postos já repassaram ontem os novos valores. Na maior parte dos estabelecimentos, a gasolina no município pode ser encontrada custando entre R$ 3,79 e R$ 3,88. Já o etanol, de R$ 2,69 a R$ 2,79. O diesel, entre R$ 2,79 e R$ 2,99.
Setor produtivo critica medida do governo
Presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Apucarana (Acia), Jayme Leonel afirma que o governo está ‘fora da realidade’. “Em dificuldades, os empresários cortam custos, demitem funcionários. Já o governo aumenta impostos. Essa medida contraria a lógica. Se o governo não consegue atingir a meta fiscal, que corte gastos. A alta encarece todos os produtos, pois o transporte rodoviário é o mais utilizado do Brasil”, lembra.
Responsável pelo setor financeiro de uma transportadora de Apucarana, Márcio Antônio de Souza também reclama. “O reajuste aumenta os nossos custos e não podemos repassar ao consumidor. Se nós aumentamos os valores, o cliente procura outro lugar e, para recuperar este cliente, é muito difícil. Por isso, vamos precisar absorver o prejuízo”, diz.
Segundo estimativa da segundo Confederação Nacional do Transporte (CNT), a alta do diesel vai impactar em todo sistema de frete.
A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) também criticou o reajuste. O presidente da entidade, Edson Campagnolo, acredita que a medida deve comprometer o cenário de retomada econômica do Brasil. “Representa mais um aumento no já pesado Custo Brasil, impactando diretamente no setor produtivo e dificultando ainda mais a superação da crise”, afirma.
Preços também sobem em Ivaiporã
Até às 14 horas de ontem, dos nove postos de Ivaiporã, quatro haviam reajustado os preços nas bombas. Nos estabelecimentos da cidade onde houve aumento, a gasolina subiu R$ 0,40 por litro; o etanol, R$ 0,30; e o litro do diesel, R$ 0,25. Em um dos postos onde houve reajuste, a gasolina passou de R$ 3,39 para R$ 3,79, etanol de R$ 2,49 para R$ 2,79 e o diesel, que era vendido por
R$ 2,74, custa agora R$ 2,99.
Com a notícia sobre o aumento de impostos no preço dos combustíveis, nos postos onde ainda não havia reprogramado o novo valor, alguns motoristas fizeram fila para aproveitar o preço mais baixo. É o caso de Paulo Roberto Guimarães que esperou alguns minutos na fila, mas aproveitou para encher o tanque. Em 31 litros, Guimarães pagou R$ 105,09. No preço novo ele teria desembolsado a mais R$ 12,84. “Eu completo o tanque toda a semana, em média 30 litros. Esse aumento deve chegar em quase R$ 50 a mais por mês no meu orçamento”, pondera Guimarães.
Amador de Oliveira, dono de dois postos de combustíveis em Ivaiporã, também reclama do aumento dos impostos sobre os combustíveis. “Infelizmente, todos perdem: o consumidor, que tem que pagar a mais, e os postos, porque o pessoal abastece menos”, reclama.