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‘Variante amazônica provocou explosão de casos da Covid-19’

Da Redação

| Edição de 05 de junho de 2021 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A notícia da circulação da nova variante indiana do coronavírus em Apucarana trouxe preocupação à população da cidade e municípios vizinhos. Mas de acordo com o secretário estadual de Saúde Beto Preto, esta não é a cepa do vírus predominante na região. Em entrevista à Tribuna do Norte, o secretário explica que a cada cinco casos do Covid-19 na região norte do estado, quatro são da cepa amazônica P1 e é ela que tem provocado uma maior transmissibilidade nas últimas semanas. Ele destacou ainda que a circulação da variante indiana deve acontecer em algum momento, e o único remédio é a vacina. 

Tribuna do Norte - A confirmação que a variante indiana do Covid circula no Paraná tem qual impacto no planejamento do combate à pandemia? Já se sabe que a cepa indiana tem maior transmissibilidade. O que mais se sabe sobre ela?
Beto Preto - Quero aproveitar para dizer que não pode haver pânico e nenhum tipo de contrainformação. Estamos em momento que a variante indiana teve alguns casos. Outros casos irão aparecer, mas ela não está prevalente em Apucarana, Rolândia, nem no norte do Paraná. O que provocou essa procura de pessoas as Unidades de Pronto Atendimento a porta dos hospitais da região foi a prevalência da cepa brasileira P1 Amazônica. A cada cinco casos do Covid-19, quatro são da cepa amazônica. A variante indiana aconteceu, estamos procurando de forma aleatória em todos os testes que fazemos. Temos informação de que estaria aqui há mais de 1 mês recebemos o aviso do Centro de informações e Vigilância de Saúde do Estado do Paraná dizendo que a Argentina já tinha detectado na fronteira a presença da variante indiana. Entendemos que seria natural o caminho passar pelo Estado Paraná. E culminou com esta descoberta em Apucarana. Todas as medidas de combate foram tomadas a época. A variante tem potencial diferente, mas os cuidados são os mesmos. Neste momento precisamos continuar tomando cuidados com todos os casos, ser efetivos no combate ao coronavírus com o distanciamento, uso de máscara, lavagem das mãos, uso de álcool gel. Infelizmente a cepa P1 é muito contagiosa, em relação a cepa do ano passado, a cepa original do coronavírus no Brasil. A cepa P1 é quatro a seis vezes mais contagiosa. É esse fato que está mantendo todos os hospitais lotados em todos os locais e regiões de saúde do Paraná. 

TN- Qual das variantes causa maior preocupação?
BP: Não dá para dizer qual é mais forte. O setor de epidemiologia do Estado do Paraná está acompanhando toda movimentação a respeito desse assunto. A amazônica brasileira cepa P1 tem esse comportamento mais contagioso. Já em relação a variante Delta, conhecida como indiana, me parece e já tem estudos que vão corroborar isso que tem pouco mais de força para atingir as crianças. Isso tudo vamos saber ao longo do tempo. Em algum momento essa variante estará mais forte em sua circulação. Em março, quando tivemos um crescimento na curva de casos no Paraná cepa P1 tinha predominância apenas de 25%. Hoje tem predominância de 80%. A variante indiana em algum momento irá circular, e o único remédio é a vacina. Temos que lutar para ter mais vacinas. Até hoje tivemos informação que talvez neste mês de junho o governo consiga comprar 3 milhões de doses das vacinas da Janssen, que são de aplicação em única dose.

TN - Já foi divulgado que a idosa apucaranense que é o primeiro caso confirmado da variante indiana havia sido vacinada. A vacinação tem o mesmo efeito nas variantes?
BP: Os dois felizmente não morreram, mas, infelizmente perderam o filho. Não se trata apenas de números, são pessoas. É importante frisar, a vacina tem período de janela imunológica que vai provocar a imunidade no organismo de qualquer pessoa que tome a vacina e no caso das pessoas de mais idade essa janela é maior, isso talvez explica porque o fato de eles terem adoecido mas não terem ficado dentro de uma UTI intubados, o que seria um fator diferencial neste processo.

TN- O governo federal liberou semana passada a vacinação do público geral – 18 a 59 anos – para covid. Qual a expectativa de começar a vacinar a população sem jovem sem comorbidades no Estado?
BP: Vamos continuar vacinando os grupos prioritários e ao mesmo tempo lançar a vacinação da população geral. Esse lançamento começa dos 59 anos e vai decrescendo. A tendência é que ao longo das próximas semanas e meses nós possamos atingir aqueles que eventualmente tem imunidade menor. Estamos vacinando as forças de segurança, trabalhadores da educação do ensino superior, trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social, trabalhadores que abordam e atendem cidadãos do Cras, Creas, Centro Pop. Vamos colocar mais doses para não deixar sobrar. O importante é não deixar estocada a primeira dose, tem que ser rapidamente retirada da geladeira. Se por ventura em algum município o grupo com comorbidades já se exauriu, que as sobras possam ser usadas para outras pessoas. 

TN - Estamos com índices de lotação bastante altos e novamente enfrenta-se problemas relacionados ao fornecimento de kits de intubação. Como estão os estoques do estado em relação a esses medicamentos e oxigênio?
BP: Quanto maior o hospital, mais condições ele tem para tocar tudo isso. O Hospital da Providência demonstrou toda sua força ao longo da pandemia, foi um dos primeiros a assumir este papel regional. Assim como Hospital Norte do Paraná (Honpar), Hospital Nossa Senhora de Fátima, todos eles abriram as portas. As UPAs, Pronto Atendimento Municipal. Hospitais de pequeno porte estão atendendo pacientes com Covid-19. Montamos uma rede ‘Covid Paraná’ que hoje bate na casa de 4.900 leitos. É o equivalente a dizer que o Paraná montou 49 hospitais de campanha com 100 leitos ao longo de um ano. Isso foi possível com a parceira com os hospitais públicos, filantrópicos e privados. O governador colocou a orientação, para a saúde neste momento, todos os esforços são necessários, inclusive os financeiros.

TN - Qual mensagem você deixa?
 BP: Nós precisamos de ajuda da população para quebrar essa corrente de tragédias. Trabalhar temos todos que trabalhar, mas quem puder evite aglomeração, quem puder siga nossas orientações.  Peço isso respeitosamente porque, caso contrário, vamos continuar com os hospitais lotados. Hoje, a  taxa de mortalidade de quem é entubada na UTIs está em 50% e 60%. Nã estamos tratando de números, mas pessoas.