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Pandemia aumenta consumo de bebidas alcoólicas

Da Redação

| Edição de 04 de julho de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A bebida alcoólica e o isolamento social durante a pandemia podem se tornar uma relação perigosa. A venda de bebidas alcoólicas aumentou durante o período no Brasil. Segundo uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), nas distribuidoras, as vendas cresceram 38%. Já nas lojas de conveniência o aumento chega a 27%.

O psiquiatra Júlio Dutra, de Faxinal, presidente da Associação Paranaense de Psiquiatria (APPSIQ)  diz que o consumo de bebidas alcoólicas compromete a imunidade, podendo causar intoxicação e ser prejudicial à saúde física e mental. “As pessoas estão cada vez mais próximas deste abismo que aparenta ser inocente”, ressalta. 
Desencadeando comportamentos de riscos, o médico diz que o uso de álcool está associado aos casos de suicídio por proporcionar desinibição, impulsividade, prejuízo no julgamento e aumento dos casos de violência doméstica.
De acordo com o psiquiatra, pesquisas apontam que 5% da população brasileira já tentou o suicídio, ficando apurado em quase um quarto dessas pessoas, antes da tentativa realizou o consumo de álcool. “Diante da necessidade de a população permanecer temporariamente em isolamento social o ato de ingerir álcool se tornou o cotidiano de muitos brasileiros”, explica. 
Para o médico, o assunto merece atenção, pois estudos demonstram que adolescentes são vulneráveis aos efeitos do álcool, notadamente porque nessa fase da vida o cérebro humano ainda se encontra em desenvolvimento. Além disso, é preocupante também para as pessoas, independentemente da idade, pois os quadros de depressão e de abuso de álcool estão diretamente associados. “Devemos buscar outras medidas para tornar mais seguro e saudável o período de quarentena”, alerta. 
A pandemia, conforme o psiquiatra, está demonstrando a necessidade de se evitar determinados comportamentos comuns até pouco tempo atrás. “É nosso dever como profissional da saúde veicular orientações sobre os riscos causados pelo consumo excessivo de álcool durante a quarentena e, também, estimular que os governantes se disponham a normatizar e controlar a quantidade das vendas ao consumidor. São novos tempos, mas com antigos conceitos que estão se tornando realidade neste momento tão difícil”, complementa. (FERNANDA NEME)