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60 anos cantando os santos reis

Ivan Maldonado

| Edição de 05 de janeiro de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Há 60 anos, um grupo de admiradores da folia de Reis, uma tradição católica que mistura música, fé e oração, se reuniu pela primeira na zona rural de Ivaiporã para passar com a cantoria de casa em casa. De lá para cá, a festa se mantém ativa ano a ano, reunindo foliões da cidade, de municípios vizinhos e até de outros estados recontam, através da música, a história do nascimento de Jesus e a visita dos Três Reis Magos, Baltazar, Gaspar e Belchior. Hoje, Dia de Reis, cerca de 70 participantes da Companhia de Reis Ireno Custódio Teixeira encerram mais um reisado, que marca a comemoração do jubileu da festa na cidade.

Imagem ilustrativa da imagem 60 anos cantando os santos reis


O encerramento da festa é hoje às 16 horas na Capela Santos Reis, no Jardim Belo Horizonte. Conforme relata a gerente da companhia, Helena Teixeira Boscardin, 71 anos, a primeira jornada dos Reis em Ivaiporã aconteceu no Bairro dos Cunhas em 31 de dezembro de 1959, com a maioria dos foliões vindos da cidade de Ribeirão do Pinhal. Depois do primeiro reisado, a população de Ivaiporã foi engrossando a festa que foi incluída no calendário oficial do município.
“É muita emoção estar seguindo essa tradição há 60 anos, uma benção. Estamos cumprindo a vontade do meu pai, mantendo uma festa onde a religiosidade é o principal objetivo da companhia”, afirma Helena. 
Nilton Ramos da Costa mora São Paulo, mas segue a companhia em Ivaiporã desde a fundação. “Comecei lá em Ribeirão do Pinhal com 7 anos de idade. Ai meu tio Ireno veio para cá e começamos a acompanhar todos anos”, comenta. Ramos, que é embaixador da companhia, conta o porquê da devoção a Santos Reis. “Eu, por exemplo, já recebi muitas graças dos Três Reis. É uma tradição religiosa muito verdadeira, é uma transmissão de força, de união, de oração, de comunidade e pensamentos positivos, isso faz que o ano corra bem, previne e ajuda a gente nos tropeços da vida”, acredita. 
Morador de São Caetano do Sul, também no estado de São Paulo, Silrey Antônio da Luz, 67 anos, conta que há 20 anos vem para Ivaiporã agradecer uma benção recebida pelos Três Reis em 1999. “Eu fui desenganado pelos médicos de São Paulo e teria que fazer transplante de coração. Vim aqui para a folia e com as bênçãos dos Três Reis estou aqui até hoje sem fazer o transplante. Só coloquei os stents no coração, mas não abri o peito”, comenta. 

Foliões formam novos integrantes
Dentre os foliões, Tarcisio Fortunato de Oliveira, de 80 anos, conhecido carinhosamente pelos foliões como Carijó é o mais velho da companhia, ele relata entrou no reisado em 1970 . “Comecei aqui em Ivaiporã. O seo Ireno me convidou e nunca mais deixei de acompanhar”.
Engana-se quem pensa que apenas as pessoas mais velha se interessam por essa tradição. Hoje a companhia, que é constituída por várias famílias, tem um grande número de jovens e crianças. “Já é a quarta geração que está acompanhando os Santos Reis, e eles vão garantir a continuidade da tradição”, afirma a gerente Helena Boscardin. 
A pequena Lara, de 7 anos, é filha dos foliões Marluce Scolimoski e Fernando Ramos, de Araucária. Neste reisado, ela já se arriscava a tocar o pandeiro. Este é o segundo ano que a menina veio à cidade participar das festividades. “Fico feliz, em ver ela já se interessando por essa nossa tradição. Desde ontem, ela pegou o bandeiro e vem participando de todas as cantorias”, diz o pai, Fernando. 
Este ano, a ausência mais sentida pelos foliões é da miss Ivaiporã, Adrielly Palopoli. A jovem é uma integrante fiel e todos os anos participa das homenagens aos Reis Magos. Na Ásia desde o dia 18 de dezembro, ela representa o Brasil no concurso Miss Tourism World Intercontinental 2019, evento internacional que acontece na cidade de Nantong, na província de Jiangsu, China. “Todo mundo está sentindo a fala dela. É a primeira vez, desde bebezinha que ela não participa., relata Adriana Brasil Palopoli, mãe da miss.