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ALÉM DE CARO, EM FALTA

DA REDAÇÃO

| Edição de 12 de setembro de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Depois dos alimentos, a alta dos materiais de construção civil está chamando a atenção do consumidor apucaranense. Além de estarem mais caros, agora os produtos estão faltando no mercado. O tijolo, por exemplo, está em falta e em muitas lojas é preciso entrar em lista de espera para comprar. Há risco de desabastecimento também do cimento. Em um levantamento feito pela Tribuna no começo de agosto, o milheiro do tijolo custava R$ 470 em média em Apucarana. Ontem, os variavam entre R$ 460 e R$ 590 e de 4 lojas consultadas, apenas uma tinha o produto em pronta entrega. Nas demais,  era preciso encomendar. 

De acordo com Luiz Henrique Fukuda, proprietário de uma loja de materiais de construção em Apucarana que também atua na construção civil, além dos tijolos e cimento, diversos outros produtos já estão em falta e com preços até 30% mais altos. “Cheguei a ficar 15 dias na loja sem tijolos para vender, mas também estão em falta fios e cabos de cobre, materiais de PVC e fiação elétrica em geral. A situação está um caos. Há 40 dias eu vendia um rolo de fio a R$ 390, e hoje, o mesmo produto está custando R$ 1.100. Triplicou o meu preço, isso quando eu encontro o produto para repor”, contou. 
De acordo com o empresário, a justificativa dos fornecedores é o impacto da pandemia na economia e nas importações. “No caso do cobre, que é matéria prima para os fios, o produto é importado do Chile, e não estão conseguindo comprar. Já no caso dos tijolos, a demanda aumentou muito e as olarias não estão dando conta dos pedidos, dando preferência apenas para pagamentos a vista e aumento os preços por causa da procura”, explicou. 
Para Fukuda, que também tem uma construtora, a alta nos preços e a falta de produtos deve impactar diretamente no preço dos imóveis. “Já podemos falar em um bom aumento no valor dos imóveis, isso por enquanto. Porque se não houver um controle dos preços desses produtos, pode desencadear um aumento astronômico das construções”, disse. 
O empresário não acredita em um “apagão” do setor por falta de materiais de construção, mas defende um volume menor de compra para o preço diminuir. “Nossa economia é regida pela lei da oferta e procura. Se o consumidor comprar menos, o fornecedor precisa desovar seu produto e vai ter que abaixar os preços. Eu acredito que essa demanda deve diminuir até o final deste ano”, ponderou. 
Para o vice-presidente de Desenvolvimento Urbano do Sindicato da Indústria da Construção Civil Norte (Sinduscon) Rodrigo Zacaria, a alta dos preços neste momento é justificável pelo fator pandemia. “Na pandemia, com o fechamento de alguns estados com lockdown vertical, tivemos muitos problemas de quebra de cadeia de produção, com siderúrgicas e fábricas de cimento, por exemplo. São produtos que demandam bastante tempo para retomar a produção após uma pausa. Os fabricantes trabalham com programação: produz, estoca e vende. A falta de consumo atinge diretamente a produção, que leva tempo para normalizar” considerou.