CIDADES

min de leitura - #

Comprar Ritalina vira desafio para pacientes

Fernanda Neme

| Edição de 07 de novembro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

Fique por dentro do que acontece em Apucarana, Arapongas e região, assine a Tribuna do Norte.

Nos últimos meses, familiares do apucaranense João Carlos Costa, 17 anos, vêm travando uma luta quase diária para manter o tratamento do adolescente. Diagnosticado aos seis anos com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e posteriormente com Transtorno do Espectro Autista (TEA), João faz uso da Ritalina todos os dias. Desde maio, o fornecimento do medicamento nas farmácias foi reduzido, obrigando a família a criar uma verdadeira força tarefa encontrar o remédio.

Imagem ilustrativa da imagem Comprar Ritalina vira desafio para pacientes

“Quando fico sem tomar o remédio eu não consigo me concentrar, é muito difícil realizar as atividades, por mais simples que possam ser na opinião das pessoas que não tem a minha condição. Medicado eu me sinto seguro e desenvolvo minhas obrigações”, comenta João.
A mãe de João, a assistente social Fabiana Vieira Nicolini Costa, destaca que sem o medicamento, a qualidade de vida do filho fica severamente comprometida. “Ficar sem o remédio, para quem faz uso continuo é como desampará-lo, ainda nessa fase da vida dele. Meu filho está em vias de terminar o segundo grau, fazendo Enem e vestibulares”, destaca.
Segundo ela, nos últimos meses, a medicação chegou a ser interrompida por algumas semanas. Para manter o tratamento, familiares e amigos se mobilizam em buscas por todas as farmácias do estado para achar e comprar o remédio. 
A farmacêutica Silvieli da Rocha, da Autarquia Municipal de Saúde (AMS) de Apucarana explica que a Ritalina parou der disponibilizada pelo laboratório Novartis em maio. “A procura é grande pelo remédio e não temos muito o que fazer a não ser esperar normalizar a situação”, explica. 
De acordo com Silvieli, em nota, o laboratório informou que existe uma cota máxima para a exportação do princípio ativo da Ritalina, o cloridrato de metilfenidato, para o Brasil, que foi extrapolada no primeiro semestre. “É difícil porque o remédio que pode ser substituído, em alguns casos, pelo Venvansi, que não é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde e custa caro, dificultando a compra”, reforça. 
Silvieli acredita que para normalizar a situação serão necessários alguns meses. “Recebemos pouquíssimos medicamentos que foram enviados para pessoas que entraram na justiça para conseguir o remédio. Por isso, para normalizar, acredito que só em janeiro de 2019”, complementa. 
A farmacêutica Jaqueline Davi, que atuar em uma farmácia de Apucarana, conta que a Ritalina simplesmente sumiu do mercado em maio. “O laboratório não enviou nenhuma nota ou explicação”, diz.
Jaqueline também destaca que pode haver substituição do medicamento. No entanto, ela explica que não são todos os usuários de Ritalina que podem adotar o Venvansi. “Este remédio tem restrições de modo apenas um médico pode avaliar e receitar. É preciso ser analisado o peso e a idade, por exemplo”, ressalta.