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Livrarias perdem espaço em Apucarana

Cindy Santos

| Edição de 15 de junho de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Quem gosta de ler livros físicos não tem muitas opções de compra em Apucarana. Hoje, o município não possui estabelecimentos com venda especializada, somente algumas papelarias que ainda comercializam títulos na cidade. 
Rosângela Tormina é proprietária de uma livraria e papelaria, que está entre os poucos estabelecimentos que vendem livros na cidade. Ela relaciona a redução no número de estabelecimentos de venda exclusiva de títulos, aos novos hábitos de consumo, diante do avanço tecnológico e do comércio eletrônico. “Hoje em dia a tendência é diminuir cada vez mais, porque as pessoas podem ler livros na internet, computador, celular. O público mais jovem prefere a tecnologia, embora eu tenha clientes adolescentes que gostam do livro de papel”, comenta.

Imagem ilustrativa da imagem Livrarias perdem espaço em Apucarana


Embora concorde que existe uma nova geração que prefere a leitura de livros virtuais, ela acredita que os livros impressos não vão acabar. “Eu acredito que sempre terá um público para este segmento, mesmo que seja pequeno. Pois, ler um livro físico, tocar as folhas e sentir o cheiro papel é diferente do que ler em um tablete ou computador. Além de ler, é possível ter o livro e colecionar”, analisa.
A atendente Rosana Pancioni, trabalha em uma papelaria que também comercializa livros. De acordo ela, ainda há bastante procura, com livros infantis e de autoajuda liderando as vendas. “Eu acho que a tecnologia não dificulta a venda, mas ainda existem muitas pessoas que gostam dos livros de papel”, analisa.
Já a proprietária de uma papelaria, Aparecida Bressan Bresciani, conta que comercializava livros, mas decidiu parar por falta de profissionais especializados. “Na minha opinião, para vender livros é necessário ter alguém que entende do assunto. E como não encontrava funcionário para esse cargo, decidir não vender mais”, explica.

EM QUEDA
Na opinião do doutor em estudos literários, Enrique Nuesch, professor da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), a queda tem relação direta com a recessão econômica, mudança nos meios de divertimento e o acesso gratuito em casa aos materiais. “A digitalização traz uma série de questões a respeito de direitos autorais. Isso fica claro se a gente pensar na sobrevivência comercial de uma editora que depende da venda dos livros impressos, dos quais os direitos de autoria de publicação e ela comprou”, analisa.
De acordo com Nuech, além de facilitar o acesso aos livros digitais, o avanço tecnológico provocou uma mudança significativa na maneira de ler. “A leitura mudou por conta da tecnologia. Outras maneiras de ler se somaram ao gesto mais abrangente da leitura. Hoje a imagem e o movimento fazem parte da leitura, assim como o som, a música”, analisa.
O professor frisa que o hábito de leitura é algo que se constrói ao longo dos anos, e tem relação direta com a forma de criação e a condição socioeconômica. “Existe uma sucessão de fatores que vão se somando para construir o perfil de um leitor. A minha percepção, como professor, é que a maior parte dos alunos não têm hábito de leitura de fôlego longo”, comenta.