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Mercado de trabalho tem 25,8% mais estrangeiros

Renan Vallim

| Edição de 14 de outubro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O número de trabalhadores estrangeiros com carteira assinada atuando na região aumentou 25,8% em 2017, aponta a Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Eram 195 pessoas, vindas de pelo menos 21 outros países, trabalhando legalmente nos 26 municípios do Vale do Ivaí mais Arapongas. No ano anterior, eram 155 imigrantes, vindos de pelo menos outras 37 nações.

Os haitianos ainda são maioria entre os estrangeiros da região, com 108 pessoas, o que equivale a 55,4% do total de imigrantes trabalhando. O número cresceu 58,8% no comparativo com 2016, já que, naquele ano, eram 68 trabalhadores haitianos na região. Com 59, Arapongas é a cidade com maior número de haitianos, seguida por Apucarana, com 47.
Um deles é Jean-Claude Cadet, de 30 anos. Ele entrou há quatro anos no Brasil e, depois de passar por cidades do Acre e se mudar para Joinville (SC), chegou a Arapongas, onde permanece há três anos e meio. “No Haiti, não há perspectivas de estudo ou trabalho. Eu, assim como a maioria dos haitianos, vim ao Brasil em busca de mais oportunidades”, conta.
Garçom em uma churrascaria, ele afirma que veio ao Brasil após ter cursado um ano de Engenharia Civil. Segundo Jean-Claude, após o primeiro ano na universidade, ele não conseguiu mais arcar com a mensalidade, fazendo com que ele fosse buscar novas oportunidades no Brasil.
“A parte social no Brasil é excelente. Tem muita gente boa aqui, muita gente que ajuda. Os brasileiros são fantásticos. O problema é na parte econômica. A situação é difícil”, afirma.
Apesar de ter deixado um filho no Haiti, Jean-Claude afirma que a vida dele agora é no Brasil. “Não pretendo voltar para o Haiti, a não ser para visitar. Já retornei uma vez e pretendo passar alguns dias lá no fim deste ano. Mas minha vida está aqui. Me casei com uma brasileira e quero ficar no país”.

OUTROS PAÍSES
Os paraguaios estão em segundo lugar no ranking de estrangeiros trabalhando na região. Eram 26 deles em 2017, o que equivale a 13,3% do total de estrangeiros. O número aumentou 13%, já que em 2016 eram 23 paraguaios cadastrados na Rais. Cambira é a cidade com mais pessoas de nacionalidade paraguaia trabalhando: 15, seguida por Apucarana, com seis.
O levantamento aponta ainda 13 portugueses na região e 12 japoneses, além de nacionalidades mais incomuns nos municípios em questão, como três indianos, dois suíços, um bengalês e um chinês.

Cáritas dá apoio a imigrantes
A Cáritas Internacional, organização da Igreja Católica que atua em mais de 200 países, dá suporte a estes imigrantes. O assessor e secretário executivo da Cáritas Brasileira em Apucarana, Dirceu Pereira da Silva, explica que a maior parte dos imigrantes que chegam à região procura trabalho. “São, em sua maioria, imigrantes legais, com visto de permanência. Eles vão até a Polícia Federal, que os encaminha para a Cáritas. Nós auxiliamos na estadia, ambientação e também documentação, sendo eles católicos ou não. Também ajudamos na educação, mantendo as crianças nas aulas de educação básica”, diz.
Segundo ele, os imigrantes atendidos pela organização, a maioria haitianos, buscam ajudar uns aos outros. “Antes, vinham sem referência nenhuma. De uns anos para cá, a maioria vem por indicação de algum amigo ou parente, alguns já com possibilidade de trabalho. Eles se ajudam muito, dividem tudo. Muitos vêm para o Brasil para ganhar dinheiro e viajar para outro país, principalmente da Europa. Outros querem juntar dinheiro para trazer a família que ficou no Haiti”, ressalta.