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Perigo na pista

Aline Andrade

| Edição de 09 de junho de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O ciclismo deixou de ser apenas um esporte e acabou se tornando um estilo de vida para muitos praticantes. Em Apucarana já são dezenas de grupos que se reúnem toda semana nas horas vagas, para praticar o esporte e estreitar amizades. Sem ciclovias na cidade, muitos deles se aventuram em rodovias, indo de uma cidade a outra, como forma de lazer e diversão. Prática que que pode oferecer perigo à vida dos ciclistas, que disputam espaço entre os carros que trafegam em alta velocidade.
A vendedora apucaranense Maria Aparecida de Melo, que pedala em um grupo há três anos, já sentiu na pele esse perigo. Ela está se recuperando de um grave acidente que sofreu há 50 dias na Avenida Brasil, trecho da BR-369, enquanto pedalava sentido Arapongas. “Fazemos esse passeio toda semana, e naquela noite, fiquei um pouco mais atrás do grupo. Foi quando um motorista, ao fazer a conversão no pontilhão não me viu e acabou me acertando em cheio. Eu quase morri”, conta.
Mesmo assim, Maria revela que não desistiu de pedalar. “Sabemos dos riscos e procuramos andar sempre com muita atenção, mas o ciclismo transformou a minha vida, me ajuda no corpo e na mente e os amigos também me incentivam muito a continuar”, afirma.

Imagem ilustrativa da imagem Perigo na pista


Denilson Bernardi, também de Apucarana, pedala há 5 anos. Junto com um grupo de amigos, faz o trecho Apucarana–Arapongas pela BR-369 toda terça e quinta a noite e observa que a quantidade de ciclistas na pista aumentou bastante depois da iluminação da pista no trecho de Aricanduva até a entrada de Arapongas. De acordo com ele, falta incentivo para os ciclistas em Apucarana, que não contam com ciclovias ou outros espaços para a prática do esporte. Ele não esconde a preocupação com acidentes. “O medo existe, sabemos que risco sempre tem, por isso nos preocupamos sempre em utilizar os equipamentos de segurança e sinalização como lanternas e pisca alerta, além de andar com muita atenção”, diz.
O auxiliar financeiro Welington Cesar de Oliveira, que pedala há três anos, revela que sua maior preocupação não são os acidentes, mas sim os assaltos. “Não só nos passeios da noite, mas durante o dia também, nas estradas rurais, andamos sempre atentos e preocupados com assaltos, já que nossas bicicletas têm um valor considerável”, pondera.
O agricultor Israel Gregório da Silva é um dos motoristas que passa diariamente pela BR 369, no trecho entre Apucarana e Arapongas. Ele já observou a quantidade de ciclistas que tem tomado conta do espaço e revela que tem tomado alguns cuidados para evitar acidentes. “A gente percebe principalmente de manhã e no final da tarde aqui muitos ciclistas no acostamento, alguns até andam na pista. Então a gente já reduz a velocidade para passar por aqui e toma muito cuidado, porque é perigoso pra eles”, conta o motorista. 
Ele diz ainda esperar uma solução do poder público para garantir a segurança de ciclistas e motoristas que passam por ali. “Precisa ter um espaço exclusivo para o pessoal que está de bicicleta andar na rodovia, alguma faixa só pra eles, porque dá mais segurança pra eles e pra nós”, pondera.
Para o Inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Pedro Faria, é fundamental que os ciclistas se atentem aos riscos quando estiverem nas rodovias para que não fiquem vulneráveis e à mercê da própria sorte no trânsito. “A PRF desenvolve campanhas educativas, porém, é imprescindível haver consciência e responsabilidade por parte de cada condutor e ciclista. O Código de Trânsito Brasileiro disciplina em vários artigos condutas que são exigidas, tanto dos ciclistas, quanto dos motoristas. É fundamental que haja responsabilidade, pois como o ciclista desenvolve velocidade, em tese, menor que os veículos motorizados, eles devem transitar pelos acostamentos e não pela pista”, explica.