Com os dias mais secos, a temporada de queimadas já começou. Em duas semanas, o Corpo de Bombeiros registrou 30 situações de incêndio ambiental, o que corresponde a 44% das ocorrências do gênero neste ano em Apucarana. Um caso, registrado no final da manhã de ontem, chama a atenção. O fogo, que começou na vegetação ao lado da linha férrea, na Vila São Miguel, avançou em direção a uma serigrafia. Os funcionários precisaram deixar o local por causa do risco de intoxicação pela fumaça.
O incêndio ambiental assustou também os moradores. De acordo com os Bombeiros, as chamas começaram na área de domínio da companhia ferroviária e avançaram, atingindo o teto de um barracão e colocando em risco outros onze imóveis nas redondezas, entre os quais um depósito de recicláveis, uma fábrica de camisetas, além de moradias.
O capitão Jeferson José Rossato, do Corpo de Bombeiros de Apucarana, observa que, com o tempo mais seco, as queimadas começam a surgir. “De janeiro até agora foram registradas 67 ocorrências. Deste total, 18 ocorreram em junho e 30 somente nos primeiros treze dias deste mês”, ressalta.
Ou seja, 70% dos incêndios ambientais ocorreram em menos de 45 dias. Entretanto, Rossato chama a atenção que a maioria dos casos de incêndios ambientais é intencional. “Assim que começa o período de estiagem, as queimadas também têm início e são, na maioria das vezes, provocadas”, frisa.
Ele explica que as pessoas têm por hábito limpar o terreno baldio ou eliminar o lixo colocando fogo, o que gera danos ambientais. “O ato de queimar o lixo no fundo do quintal é considerado crime ambiental, assim como colocar fogo em terreno baldio para fazer a limpeza”, comenta, reforçando que a roçagem é o método mais indicado para limpar terrenos baldios. Já o lixo deve ser descartado na coleta.
O tenente dos Bombeiros alerta ainda que, não raro, o fogo pode ganhar proporções maiores avançando para outras áreas colocando em risco a vida das pessoas. “Com o tempo mais seco, a fumaça e a fuligem agravam ainda mais as doenças respiratórias, que afetam principalmente as crianças e idosos. Além disso, quando próximo às rodovias, os incêndios ambientais podem provocar acidentes graves. A conscientização da população é o principal meio para evitar incêndios ambientais”, alerta.
O responsável por incêndios irá responder por crime ambiental, que prevê pena de reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Se o crime não for intencional, a pena é será de detenção de seis meses a um ano, e multa.
Em nota, a Rumo, concessionária que administra a ferrovia, esclarece que realiza a limpeza na faixa de domínio por "método mecanizado". "Alguns trechos também são realizados capina química. A empresa não utiliza queimadas”.
Chuva volta na próxima semana
Apucarana está há 23 dias sem chuva, segundo o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), o que resulta num clima mais seco, favorecendo o surgimento de incêndios ambientais. “Na próxima semana, o tempo muda e há previsão de chuva para terça-feira. Não será uma um aguaceiro, mas a umidade vai voltar a subir”, afirma o meteorologista Samuel Braun, do Simepar.
Ontem, segundo o Simepar, a umidade do ar estava em 50%. O ideal, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é de 60%, abaixo desse percentual o sistema respiratório começar a ser prejudicado.
Na terça-feira, os termômetros também devem registrar alterações, encerrando o período de tardes mais quentes. Com isso, as temperaturas voltam a cair, oscilando entre 9° a 20° graus.