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Remédios causam maioria das intoxicações

Vanuza Borges

| Edição de 19 de maio de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A diferença entre o remédio e veneno é a dose, como diz um velho ditado. Porém, a sabedoria popular não é suficiente para evitar intoxicações por medicamentos. Um levantamento recente da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) aponta que os remédios lideram casos de envenenamentos no Estado. Desde 2012, são 17.969 registros por intoxicação de remédios contra 883, no mesmo período, por exemplo contra agrotóxicos, 1.834 por produtos químicos e 3.956 por uso de drogas. O que chama ainda mais atenção nos casos de medicamentos é a intoxicação intencional, na região esse tipo de situação representa mais da metade dos casos.

Imagem ilustrativa da imagem Remédios causam maioria das intoxicações

De acordo com o levantamento feito pela Regional de Saúde (RS), de Apucarana, que integra 16 municípios, de 2012 até a semana passada, ocorreram 1.588 casos de intoxicação por medicamentos. Destes, 999 foram intencionais, ou seja, foram quase mil tentativas de suicídio, o que representa 64% do total das ocorrências. Segundo a farmacêutica coordenadora da Farmácia da 16ª RS, Patrícia Ferman, dos casos de intoxicação intencional, 5 pessoas morreram. “Os dados mostram um quadro preocupante principalmente ao que tange à intoxicação intencional”, avalia.
Ainda conforme dados da Sesa, mais de metade destes casos ocorre com pessoas entre 20 e 49 anos e 71% das vítimas são mulheres. Com o intuito de tentar romper com alguns hábitos que favorecem a intoxicação, é recomendado não fazer automedicação, comprar somente a quantia necessária de medicamentos, anotar para que serve cada remédio e ficar atento à data de validade.
A farmacêutica destaca fatores que contribuem para a intoxicação remédios com caixas semelhantes, não observar a dosagem, deficiência visual e receitas ilegíveis. “Temos vários casos que as receitas não são legíveis, o que leva o paciente a tomar o medicamento de forma errada e, em alguns casos, ter uma intoxicação”, afirma.
Na Regional de Saúde, Patrícia argumenta que é feito um trabalho sobre conscientização e uso racional de medicamentos. “É repassado ao paciente a quantidade exata do medicamento que ele precisa. Também é anotado de forma legível e explicado ao paciente os horários e datas de cada medicamento. Em caso de problemas de visão são usadas cores diferentes”, exemplifica.
O farmacêutico Antônio Okener Filho comenta também que receitas inelegíveis são comuns. “Além de inelegível, em algumas situações, as dosagens também estão erradas. Por isso, o farmacêutico precisa ficar atento e verificar a dosagem de acordo com o paciente”, diz.
Além disso, ele ressalta que não raro atende pessoas que não sabem ler. “Nesse caso, para não confundir os horários, nem a dosagem, precisamos ilustrar a situação, com um sol, por exemplo”, cita.
Outra situação comum, segundo o farmacêutico, envolve crianças. “É muito comum receber ligações de pais perguntando o que fazer em casos que a criança tomou remédio, principalmente xarope, que é doce. A única orientação é levar o mais rápido possível a uma unidade médica”, orienta, observando que não é indicado provocar vômito em crianças porque podem engastar. Diante desse quadro, a orientação é deixar medicamentos longe das crianças.