OPINIÃO

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Tragédia no CT do Flamengo é reflexo da impunidade

Da Redação

| Edição de 19 de fevereiro de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A tragédia no CT do Flamengo, que deixou dez jovens mortos, ainda assombra o país. O incêndio no Ninho do Urubu interrompeu sonhos e gerou alerta em centenas e centenas de pais que têm filhos em alojamentos de clubes em todo o Brasil. Essa dor dos familiares e das vítimas do CT do Flamengo não pode ser em vão. É preciso, primeiro, garantir que essa tragédia não se repita; segundo, que os responsáveis sejam punidos com rigor. 

O incêndio ocorreu na madrugada de 8 de fevereiro, supostamente a partir de um curto-circuito no sistema de ar-condicionado do alojamento. Desde então, a diretoria do Flamengo, de forma inexplicável, se mantém em silêncio sobre o assunto. O clube deu declarações à imprensa, sem abrir para perguntas. Nos depoimentos à polícia, o Flamengo responsabiliza a empresa responsável pela construção dos contêineres que pegaram fogo. Já a empresa culpa o clube. 
É um jogo de empurra-empurra que, infelizmente, é comum no Brasil. Algumas tragédias acabam sem punição. É o caso da boate Kiss, de Santa Maria (RS), onde 242 jovens morreram e 680 ficaram feridos. O incêndio ocorreu em 27 de janeiro de 2013, mas até agora as pessoas responsabilizadas pelo acidente não foram punidas e respondem aos processos em liberdade. 
Infelizmente, o Brasil espera acontecer as tragédias para tomar providências. No caso dos CTs espalhados pelo País, somente agora, com as mortes no Ninho do Urubu, o Ministério Público (MP) e outros órgãos de fiscalização passaram a cobrar requisitos básicos para o funcionamento dessas unidades, como alvarás da prefeitura e licença emitida pelo Corpo de Bombeiros. A propósito, o Flamengo levou mais de 30 multas por descumprir as exigências. 
O país não pode mais assistir esse tipo de tragédia, que são fruto da impunidade e do descumprimento das leis. O caso do Ninho do Urubu preocupa pais de todo o país. Em Apucarana, por exemplo, há 10 famílias, no mínimo, que ficaram apreensivas. São pais com filhos em diversos clubes, do Grêmio (RS), Atlético-MG ao Itapirense (SP). 
Esses pais precisam ter a segurança de que seus filhos estão tendo seus direitos respeitados e sua segurança preservada. A tragédia do CT do Flamengo não pode se repetir. O que ocorreu no Rio de Janeiro não foi acaso, mas um crime, que destruiu vidas e sonhos.