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Pandemia aumenta violência doméstica em Ivaiporã

Da Redação

| Edição de 07 de julho de 2020 | Atualizado em 06 de julho de 2020

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Os atendimentos da Polícia Militar (PM) de Ivaiporã à ocorrências de violência doméstica aumentaram 70% desde março, quando houve o primeiro fechamento do comércio por conta do novo coronavírus. Relatório divulgado esta semana pela 6ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) mostra que de 01 de março a 30 de junho deste ano foram registradas 260 ocorrências envolvendo o crime. No mesmo período de 2019 foram 153. Apesar o aumento das denúncias, a PM diz que ainda há muita subnotificação de casos. 
Conforme o comandante da 6ª CIPM, major Élio Boing, embora os números acumulados de violência demonstrem aumento das ocorrências, ainda não refletem a real situação que é muito maior. “Há muita subnotificação. Por vários fatores, muitos casos deixam de ser registrados. Principalmente, porque muitos toleram a violência na esperança que aquilo não volte a se repetir”, avalia. 
Por outro lado, as vítimas também podem sentir medo de denunciar os parceiros, devido à proximidade que agora têm deles, em virtude das medidas de quarentena ou isolamento social. “Outra dificuldade de se procurar o auxílio policial é a vergonha. Até mesmo porque este auxílio acaba gerando uma repercussão e os vizinhos acabam tendo conhecimento do que ocorre no lar daquela pessoa”. 
Ainda segundo major Boing, mesmo em determinadas situações em que os próprios vizinhos se incomodam e acabam acionando a PM, muitas vezes as vítimas preferem não representar contra o autor. “Até mesmo porque com a chegada da viatura a pessoa que estava praticando a violência deixa de fazer e se posta de uma forma de vitimização, de arrependimento, de choro naquele momento. O que acaba convencendo a outra pessoa que as coisas a partir daquele momento acabariam mudando, com a vítima optando pelo não prosseguimento das medidas judiciais”, diz.

Município oferta canal 
de atendimento 

O psicólogo Roniel Bora Delli Colli do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) de Ivaiporã diz que o crescimento dos casos de violência está associado a ansiedade do isolamento domiciliar. “O humano é um ser social, que quer viver em grupos, ter amigos para conversar e o fato de ficar isolado em um grupo pequeno intrafamiliar faz com que o comportamento comece a mudar. A convivência intensa e a tensão do momento contribuem para que o número de casos de violência doméstica aumentem ou piorem”. 

Roniel lembra que Ivaiporã tem alguns canais para denúncia e acompanhamento, um deles, é o “Situação de Violência, via WhatsApp através do número (43) 99977-5493. O atendimento é das 8 às 17 horas, de segunda a sexta-feira, e é realizado por psicólogos e assistentes sociais. “Geralmente a pessoa vítima de violência está em situação vulnerável e não tem a quem recorrer. O que a gente faz é realizar a primeira acolhida ver qual a situação dela, se é um caso de polícia num primeiro momento, saúde ou alguma outra situação”. 
Outro canal de apoio por intermédio do Departamento Municipal de Saúde é o atendimento psicológico via aplicativo WhatsApp (43) 98483-3084. Ele é indicado para pessoas que se encontram angustiadas devido à pandemia e com a necessidade de conversar.