OPINIÃO

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Retomada da economia passa pela qualificação profissional

Da Redação

| Edição de 23 de fevereiro de 2017 | Atualizado em 23 de fevereiro de 2017

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Levantamento realizado pela Secretaria de Indústria e Comércio e Agência do Trabalhador de Apucarana com intuito de mapear com maior precisão o mercado de trabalho do município reforçou alguns pontos tradicionalmente em pauta em termos de economia local. O primeiro deles é que a indústria do vestuário e o comércio local são os setores com maior índice de empregabilidade no município.
Outro ponto relaciona-se com a capacitação profissional. Chega a fazer parte do discurso oficial de empregabilidade dizer que muitos trabalhadores não conseguem colocação porque não tem capacitação.
A pesquisa realizada pela prefeitura aponta que tal discurso, além de fático, não envolve um universo absurdamente técnico ou específico. Na terra do boné, empresas ainda encontram dificuldades para contratar costureiras. Mão-de-obra com experiência em tarefas consideradas mais específicas, é mais rara no mercado, tanto que as empresas tem que se virar para formar seus trabalhadores.
Outros setores tradicionais da economia local, como comércio e serviços - notadamente na área de gastronomia - também relatam dificuldades na hora de contratar mão de obra preparada para atender demandas imediatas, ou seja, atuar no mercado sem a necessidade da empresa capacitar o trabalhador.
Em período de crise econômica - de janeiro a dezembro do ano passado, o mercado formal de Apucarana extinguiu mais de 600 vagas de trabalho, quantidade bem menor que o pico da crise, em 2015, quando foram 1,8 mil vagas a menos, mas ainda um número negativo - , é um contrassenso pensar que setores tão consolidados na economia local enfrentam mais esse desafio de encontrar gente qualificada para trabalhar.
A qualificação profissional, aliás, já foi assunto mais importante na pauta dos governos, federal inclusive. O Pronatec, é um bom exemplo. Criado em 2011, o programa federal ofereceu 3 milhões de matrículas em cursos técnicos gratuitos em 2014. Em 2015, a quantidade caiu mais da metade com 1,2 milhão de matrículas. No final de dezembro do ano passado, balanço preliminar do Ministério da Educação apontava para modestas 400 mil matrículas. Apucarana que já foi o município do Paraná com maior número de alunos capacitados pelo programa também sofreu os efeitos dos cortes.
A crise, como se sabe, atua em várias frentes, mas cortar recursos para capacitação está entre as escolhas mais equivocadas que se pode tomar. Uma escolha que afeta seriamente a retomada da economia.
O programa da Secretaria de Indústria e Comércio de Apucarana acerta ao concentrar um esforço dirigido para preencher lacunas produtivas onde elas efetivamente estão. Apucarana avançou muito em qualificação de profissionais de nível superior na última década, mas a situação hoje mostra que é preciso também investir na base da cadeia produtiva.