O Conselho Municipal do Idoso de Apucarana reuniu-se, nesta semana, com representantes das secretarias de Ação Social e do departamento de trânsito da Prefeitura para discutir soluções para um problema recorrente: o desrespeito às vagas especiais de estacionamento.
Segundo a legislação de trânsito brasileira, 5% das vagas de estacionamento devem ser reservadas a idosos e 2% a deficientes físicos e pessoas com dificuldade de locomoção. A reserva deve, ainda, priorizar o acesso mais facilitado desses usuários às entradas dos estabelecimentos, em caso de estacionamentos privativos.
Ocorre, em Apucarana e em todo Brasil, que essa reserva é constantemente desrespeitada. Segundo estimativa do departamento de Trânsito da Prefeitura, em média, cem multas são aplicadas mensalmente pelo uso indevido das vagas, o que equivale a cerca de 10% do total de notificações lavradas pelos agentes municipais de trânsito. Não é pouco tendo-se em vista a proporção dessas vagas e a política adotada pelo município de priorizar a conscientização ao invés da multa.
O fato é que o idoso nunca teve muito espaço em um país que supervaloriza a juventude e que, paradoxalmente, está envelhecendo a passos rápidos. Os últimos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) divulgada recentemente pelo IBGE, mostram que desde 2012 o país ganhou 4,8 milhões de idosos, superando, ano passado, a marca dos 30,2 milhões. Nos últimos 5 anos, houve um crescimento de 18% desse grupo etário, que compreende as pessoas com mais de 60 anos.
Por outro lado, nos últimos cinco anos, a parcela de crianças de 0 a 9 anos de idade no total da população caiu de 14,1% para 12,9%. Com a aceleração do envelhecimento da população do Brasil, estima-se que a partir de 2031 o número de idosos ultrapasse o de crianças de adolescentes de 0 a 14 anos.
Ou seja, daqui a 13 anos - um piscar de olhos em termos históricos e de administração pública -, teremos maiores demandas para terceira idade que para infância e adolescência.
O desrespeito às vagas no trânsito é apenas um dos sintomas de uma sociedade que ainda não aprendeu a valorizar e proteger a terceira idade. Com um contingente cada vez mais numeroso de idosos, mudar essa visão é uma premissa fundamental para a sociedade não apenas no trânsito, mas em setores como saúde, trabalho - o envelhecimento da força de trabalho é inevitável -, lazer e assistência social. Respeitar as vagas é o mínimo.
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