OPINIÃO

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Somos maiores do que o IBGE aponta? É justo questionar

Tribuna do Norte

| Edição de 01 de setembro de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Todos os anos, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga uma projeção da população de todos os municípios do país. Seguindo esta divulgação, uma ‘onda’ de protestos partem dos prefeitos contestando os números. A reclamação, contudo, é válida, visto que o índice divulgado pelo órgão federal utiliza alguns cálculos e médias baseados em tendências dos últimos Censos. Contudo, não leva em consideração avanços socioeconômicos registrados nas cidades nos últimos anos e que podem ser determinantes para a oscilação do tamanho da população.

De acordo com a última divulgação do IBGE, o Vale do Ivaí tem 335.933 habitantes, com data de referência em 1º de julho de 2019. Este valor, somatório dos 27 municípios que compõem a região, é calculado com base em estimativas feitas a partir do Censo de 2010, o último realizado no Brasil. Ou seja, a conta é feita levando-se em consideração uma realidade de quase 10 anos atrás.

Neste período, o Vale do Ivaí registrou várias mudanças relevantes, que podem muito bem ter interferido significativamente para que a realidade se distancie das estimativas do IBGE. O primeiro e mais óbvio é a troca de nomes dos cargos públicos municipais. Cada pessoa eleita pelo povo a cada quatro anos tem sua visão do que é mais benéfico para seus municípios, o que pode levar ao acréscimo ou decréscimo da população. Ainda mais em se tratando de cidades com menos habitantes, onde qualquer oscilação pequena tem maiores consequências.

Algo que contribui diretamente para a atração de pessoas a municípios é a existência de empregos. Várias cidades da região, nos últimos anos, apostaram na criação de empregos, dando incentivos para que novas empresas se instalassem na cidade. Além disso, obras como a duplicação da BR-376 e a construção do Hospital Regional de Ivaiporã, apenas para citar duas delas, também atraem mais pessoas.

A iniciativa do IBGE é válida, pois mostra a tendência dos municípios brasileiros no tocante à população. Mas, por não incluir dinâmicas locais recentes, não deve ser encarada com tanta precisão. Talvez seja um erro ter esta estimativa como base para o cálculo do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), visto que municípios com maior população (e, portanto, maiores demandas) fiquem com uma parcela dos repasses federais menor.