OPINIÃO

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Violência escolar é reflexo da ‘cultura de violência’

Da Redação

| Edição de 28 de março de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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É alarmante o quadro de violência nas escolas. Questionário aplicado durante a Prova Brasil 2015 mostra que mais de 22,5 mil professores foram ameaçados e 4,7 mil sofreram atentados à vida naquele ano no Brasil. Na região, a situação também é preocupante. A pesquisa aponta que 55% dos docentes dizem ter sofrido algum tipo de agressão física ou verbal. 

A pesquisa aponta ainda que a violência atinge estudantes. A maioria dos professores (71%) disse ter presenciado casos de agressões físicas e verbais entre os alunos na escola. 

A situação merece uma reflexão para a cultura de violência que existe na sociedade. Isso reflete, obviamente, nas escolas. 

Infelizmente, é presente a mentalidade de que a violência é um instrumento legítimo para lidar com conflitos e diferenças. Os estudantes reproduzem essa lógica social, ao agir com agressividade para expressar sua discordância com o colega e também com os professores. 

Por isso, o desafio é suplantar essa ‘cultura de violência’ em todas as esferas da vida social. O primeiro passo nesse sentido é identificar e buscar ações para mudar o comportamento dos jovens. Nesse aspecto, a responsabilidade não pode ficar apenas sob os ombros dos professores nas escolas. É preciso que a família também se atente para esse problema. 

O papel dos pais é fundamental. Um episódio recente serve de reflexão em Apucarana. Durante a apresentação do show Patrulha Canina, que fazia referência a um desenho famoso na televisão, alguns pais partiram para a violência ao desaprovar a qualidade do espetáculo. Houve confusão generalizada na frente das crianças. É o melhor ensinamento a ser dado aos filhos? Será que esse tipo de postura auxilia na formação ou gera adolescentes, jovens e depois adultos que procuram resolver seus problemas com agressões? 

A violência não leva a lugar nenhum. Não é partindo para a agressão que vamos resolver as nossas diferenças. Os alunos e os filhos precisam vivenciar um ambiente de diálogo. Esse comportamento violento presente na sociedade ajuda a explicar, por exemplo, os casos de intolerância religiosa, de gênero e de cor no Brasil. Essa cultura é extremamente nefasta e, infelizmente, vem de casa.

Precisamos discutir esse assunto de forma mais abrangente. A situação relatada nas escolas reflete essa doença social, da intolerância, do desrespeito às diferenças. Quando ensinar vira caso de polícia, é sinal de que a sociedade fracassou. Qualquer tipo de agressão é abominável, ainda mais contra um professor em sala de aula, que está ali para transmitir conhecimento.