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Operação prende ex-governador Beto Richa por suspeita de fraude

Folhapress

| Edição de 12 de setembro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O ex-governador do Paraná Beto Richa, atual candidato ao Senado pelo PSDB, foi preso temporariamente na manhã de ontem pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Estado. Ele é suspeito de fraude em licitação em obras de estradas rurais no Estado.
Também foram presos temporariamente a mulher dele, Fernanda Richa; o irmão de Richa e ex-secretário de Infraestrutura, Pepe Richa; o ex-chefe de gabinete, Deonilson Roldo; e o ex-secretário Ezequias Moreira.

Imagem ilustrativa da imagem Operação prende ex-governador Beto Richa por suspeita de fraude


Ao todo, 15 pessoas foram alvo de mandados de prisão temporária, ordenados pela Justiça Estadual do Paraná.
O tucano é suspeito de ter participado de fraudes no programa Patrulhas do Campo, de recuperação e abertura de estradas rurais no interior do Estado.
“É aquele padrão: licitação dirigida, pagamento de propina e eventual lavagem de dinheiro”, afirmou o procurador de Justiça Leonir Batisti, coordenador do Gaeco, braço do Ministério Público do Paraná.
O Patrulhas do Campo cedia máquinas como escavadeiras, tratores e motoniveladoras a municípios do interior, para a abertura e manutenção de estradas rurais. Pelo menos 2.000 km de estradas foram recuperados ou abertos por meio do programa desde a primeira gestão de Richa, que governou o Paraná entre 2011 e 2018.
Os crimes teriam sido cometidos entre 2012 e 2014, segundo o Gaeco.

OPERAÇÃO PILOTO
A gestão de Richa também foi alvo ontem de uma nova fase da Operação Lava Jato, conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, batizada de Operação Piloto -em referência ao suposto apelido do ex-governador na planilha de propinas da empreiteira Odebrecht.
O tucano e membros de sua família foram alvos de mandados de busca e apreensão da PF. Também foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e um de prisão temporária, expedidos contra Deonilson Roldo, o empresário Jorge Theodócio Atherino, apontado como operador financeiro do tucano, e Tiago Correia Adriano Rocha, considerado braço direito de Atherino.
A investigação mira pagamentos indevidos de pelo menos R$ 3,5 milhões, em espécie, relativos às obras da rodovia estadual PR-323, no noroeste do Paraná, entre Francisco Alves e Maringá. Segundo a Procuradoria, o valor foi pago em 2014 pela Odebrecht em troca do direcionamento da licitação.
Um dos líderes do esquema de arrecadação seria Roldo, ex-chefe de gabinete de Richa -que também estaria coordenando de forma oculta a atual campanha do tucano ao Senado, segundo o Ministério Público Federal.
Roldo é apontado como “o principal operador do esquema de arrecadação de recursos ilícitos de empresas fornecedoras do governo do estado”, escreveu o juiz da Lava Jato Sergio Moro, em despacho. 

Contrato para obras na PR-323 seria direcionado
O empresário Jorge Theodócio Atherino, por sua vez, que também foi alvo de mandado da Polícia Federal, é indicado como operador financeiro do ex-governador Beto Richa.
Provas obtidas pela Procuradoria indicam que Deonilson Roldo se comprometeu a ajudar a Odebrecht no contrato da PR-323, em troca de auxílio na campanha de reeleição de Richa, em 2014. Com o acerto, o ex-chefe de gabinete atuou para afastar as demais empresas interessadas em participar do processo licitatório.
Numa das negociações, Roldo foi gravado por um dos empresários que procurou, afirmando que tinha “compromissos” com a Odebrecht.
Segundo o juiz Sérgio Moro, ainda há indícios de envolvimento do grupo em outros crimes de corrupção e lavagem: a movimentação financeira das empresas de Atherino chega a R$ 560 milhões entre 2014 e 2018, sendo R$ 15 milhões recebidos em espécie.
Entre os destinatários das transações feitas por Atherino, estão Ezequias Moreira Rodrigues, nomeado secretário de Estado por Richa e alvo de outras investigações por suspeita de contratar funcionários fantasmas, além de empresas relacionadas a familiares do ex-governador.
“Não se trata de um crime trivial”, escreveu Moro, que qualificou as operações como “complexas”. (FOLHAPRESS)

Defesa de Richa vê oportunismo do MP
Em nota emitida à imprensa, ontem, a defesa do ex-governador Beto Richa informou que ainda não havia tido acesso à investigação e não sabia o motivo das ordens judiciais.
A advogada Antonia Lélia Neves Sanches, que defende Richa, acusou o Ministério Público de “oportunismo” ao deflagrar a prisão em período eleitoral.
“Não há vedação (legal). Há oportunismo”, declarou. “Não há razão para esse procedimento, especialmente em período eleitoral”, declarou a advogada.
Sanches afirmou que o ex-governador está sereno e que sempre se dispôs a prestar esclarecimentos à Justiça. Ela afirmou não ter tido acesso aos autos. No entanto, ainda ontem entrou com um pedido de habeas corpus para libertar o tucano.
A empresa Ouro Verde, cujo acionista Celso Frare também foi detido, informou em nota que ofereceu locação de equipamentos para o governo do Paraná, e disse ter cumprido todas as obrigações legais, inclusive cobrando o governo na justiça por valores inadimplentes. A companhia nega irregularidades. (FOLHAPRESS)