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TRF-4 nega último recurso de Lula em segunda instância

Folhapress

| Edição de 19 de abril de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A 8ª turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) negou, ontem, por unanimidade, o último recurso interposto na corte pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do tríplex no Guarujá (SP). Com a publicação do acórdão, ainda nesta quarta, o processo terá a tramitação encerrada na segunda instância.

Imagem ilustrativa da imagem TRF-4 nega último recurso de Lula em segunda instância


No último dia 10 de abril, a defesa recorreu dos embargos de declaração julgados pela corte no dia 26 de março, quando mantida a condenação de Lula a 12 anos e um mês de prisão. A 8ª turma não costuma aceitar os chamados “embargos dos embargos”, que não têm o poder de anular a sentença, mas apenas esclarecer suas partes. 
No dia 5 de abril, o juiz Sergio Moro surpreendeu e expediu o mandado de prisão de Lula antes do fim da tramitação do processo na segunda instância. Dois dias depois, o ex-presidente se entregou à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR).
A 8ª turma é formada pelos juízes Leandro Paulsen, Victor Laus e João Pedro Gebran Neto. Como Gebran está de férias, o juiz federal Nivaldo Brunoni foi convocado para substituí-lo. 
Na ação apresentada pelo Ministério Público Federal, Lula foi acusado de receber R$ 3,7 milhões de propina da empreiteira OAS em decorrência de contratos da empresa com a Petrobras. 
O valor, apontou a acusação, se referia à cessão pela OAS do apartamento tríplex ao ex-presidente, a reformas feitas pela construtora nesse imóvel e ao transporte e armazenamento de seu acervo presidencial (este último ponto rejeitado pela Justiça).
Em julho de 2017, o petista foi condenado pelo juiz Sergio Moro a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Em janeiro deste ano, o TRF-4 confirmou a condenação do ex-presidente e aumentou sua pena para 12 anos e um mês de prisão.
Lula ainda pode entrar com um recurso especial no STJ e um extraordinário no STF. Os recursos devem ser interpostos no próprio TRF-4, cuja vice-presidência realiza o juízo de admissibilidade, funcionando como um filtro de acesso às instâncias superiores.
Os recursos devem ser interpostos em até 15 dias após a publicação do acórdão do julgamento. Depois deste prazo, o Ministério Público Federal tem mais 15 dias para apresentar contrarrazões.
Se os recursos forem apresentados de forma conjunta aos tribunais superiores, os autos são enviados primeiramente ao STJ e depois ao STF. O recurso especial indica violações à legislação federal, como o Código Penal, enquanto o extraordinário diz respeito a violações à Constituição.

CANDIDATURA
A candidatura de Lula ainda é uma incógnita. A Lei da Ficha Limpa prevê que o réu condenado por um órgão colegiado não possa concorrer, mas garante ao candidato barrado um recurso chamado suspensão de inelegibilidade. Assim, o ex-presidente precisaria encaminhar o pedido ao STJ ou ao STF. O limite para registro de candidatura é até o dia 15 de agosto. Outra alternativa é apresentar a candidatura sem liminar. O Ministério Público constatará que ele não cumpre os requisitos e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) avaliará o caso.
Enquanto isso, Lula  pode continuar candidato - o PT tem até 20 dias antes da eleição de outubro para substituí-lo.

“Por vocês vale a pena morrer”, afirma petista a militantes
Em novo recado à militância que o acompanha em frente à Polícia Federal, em Curitiba (PR), o ex-presidente Lula disse que valerá a pena morrer por seus apoiadores. “Por vocês valeu a pena nascer e por vocês valerá a pena morrer”, afirmou.
O recado foi repassado por seus advogados e lido aos manifestantes na tarde desta quarta-feira pelo vice-presidente do PT, Márcio Macedo. 
“Queridos e queridas, companheiras e companheiros, vocês são o meu grito de liberdade todo dia. Se eu não tivesse feito nada na vida e construído com vocês essa amizade, já me faria um homem realizado. Por vocês valeu a pena nascer e por vocês valerá a pena morrer.”
A leitura foi realizada em um ato político que contou com a presença do ex-ministro das Relações Exteriores de Lula e possível candidato ao governo do Rio, Celso Amorim (PT).
Este é o segundo recado de Lula para os manifestantes, desde o dia 7 de abril, quando se entregou à Superintendência da Polícia Federal. No primeiro, transmitido há dois dias, o ex-presidente disse que está tranquilo, mas indignado.
“Continuo acreditando na Justiça e por isso estou tranquilo, mas indignado como todo inocente fica indignado quando é injustiçado”, escreveu.
Nesta terça, 11 senadores da Comissão de Direitos Humanos do Senado fizeram uma diligência na cela de Lula. Eles disseram que o petista está forte, mas preocupado com o futuro do país e da democracia. Os parlamentares criticaram, mais uma vez, o isolamento de Lula. (FOLHAPRESS)