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Desigualdade salarial cai na região

Renan Vallim

| Edição de 04 de novembro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A média salarial das mulheres subiu mais do que a dos homens em 2017 na região, revela a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), instrumento de coleta de dados do Ministério do Trabalho. Com isso, a desigualdade entre os gêneros no mercado de trabalho caiu. Em dois dos 27 municípios da região, as trabalhadoras femininas ganham mais do que a força de trabalho masculina.

Imagem ilustrativa da imagem Desigualdade salarial cai na região

Em 2016, de acordo com a Rais, as mulheres com carteira assinada nos 26 municípios do Vale do Ivaí mais Arapongas ganhavam, em média, um salário de R$ 1.646,11. Este valor equivalia a 82,8% da média salarial masculina, que era de R$ 1.989,23.
No ano seguinte, o salário médio feminino avançou 7,2%, chegando a R$ 1.765,02. Já o salário dos homens cresceu 6,4%, atingindo o patamar de R$ 2.116,55. Com isso, os ganhos das mulheres passaram a equivaler a 83,4% da média dos homens, uma redução de 0,6% na desigualdade entre os sexos.
O município de Ariranha do Ivaí é o que registrou a maior média salarial feminina: R$ 1.980,62. Não à toa, é a cidade da região que melhor paga as mulheres, já que o ganho médio de um homem com carteira assinada no município é de R$ 1.863,40.
“Hoje, a mulher está inserida no mercado de trabalho e na sociedade de um modo geral, tanto quando o homem. Antigamente, pelo fato de o homem ser mais forte fisicamente, havia a concepção errada de que ele teria mais habilidades para o trabalho e, por isso, ganhava mais. A sociedade está mudando e este conceito equivocado está cada vez mais no passado, já que a mulher é comprovadamente tão capaz quanto o homem. A igualdade é benéfica para toda a sociedade”, afirma Augusto Aparecido Cicatto (PT), prefeito de Ariranha do Ivaí.
Outro município onde a média salarial feminina é superior à masculina é Rosário do Ivaí. Lá, as mulheres recebem R$ 1.552,16, enquanto que os homens ganham R$ 1.493,41. O prefeito Ilton Kuroda (PSC) afirma que o poder público tem influência direta neste panorama.
“Os salários da rede municipal de ensino para professores e demais funcionários foram fortemente reajustados nos últimos tempos. As mulheres dominam os postos de trabalho na área educacional aqui no município e isso eleva a média salarial feminina”, ressalta.
Grandes Rios, Rio Branco do Ivaí e Cruzmaltina foram as cidades onde os salários feminino e masculino mais se aproximaram. O pagamento para as mulheres representava, respectivamente, 99,6%, 99,3% e 97,8% do pagamento masculino.
A maior desigualdade salarial em 2017 foi registrada em Marilândia do Sul, onde mulheres receberam o equivalente a 73,4% do salário dos homens. Em Marumbi, este percentual foi de 74,3%.
Entre as maiores cidades, Apucarana pagou uma média de R$ 1.794,99 para mulheres e R$ 2.038,24 para homens. A relação entre os ganhos foi de 88,1%. Já em Arapongas, esta porcentagem ficou em 77,4%, com mulheres recebendo R$ 1.827,03, contra R$ 2.361,34 para os homens. Em Ivaiporã, o salário médio feminino ficou em R$ 1.734,37, 86,3% da média masculina, que foi de R$ 2.010,71.

Sobrecarga doméstica
A ativista Poliana Nadim, que faz parte do coletivo Marcha Mundial das Mulheres, entidade feminista que atua em mais de 100 países, afirma que a situação das mulheres no mercado de trabalho tem melhorado, mas que ainda é preciso evoluir mais. “As mulheres conquistaram o mercado de trabalho, o que é um avanço importante em direção à igualdade de gênero. Mas a questão salarial ainda é um problema, visto que muitas mulheres têm salários mais baixos do que os homens em funções iguais. É preciso políticas públicas de combate a esta desigualdade”, diz.
Ela aponta ainda dificuldades das mulheres em receberem a valorização devida. “As mulheres ainda encontram empecilhos para receberem oportunidades a cargos de hierarquia superior, que geralmente pagam melhores salários”, afirma.
Poliana lembra também da chamada ‘jornada tripla’, que recai sobre muitas mulheres: o trabalho formal, o cuidado com a casa, a educação dos filhos, entre outras responsabilidades. “A sociedade ainda vê os trabalhos domésticos como sendo de responsabilidade da mulher, sobrecarregando-a em tarefas que não são valorizadas”.