OPINIÃO

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Equilíbrio do poder público nos cortes da Educação

Da Redação

| Edição de 15 de maio de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Todo tipo de esforço dos poderes públicos, sejam eles federal, estadual ou municipal, no sentido de aumentar a eficiência dos gastos e evitar que o dinheiro público seja desperdiçado ou mal gasto é bem-vindo. A grande questão nestes casos é encontrar o equilíbrio entre o corte de recursos e o funcionamento da máquina pública. Este equilíbrio é de extrema importância, visto que os cidadãos dependem diretamente dos serviços prestados pelo ente público.
O contingenciamento de recursos feito pelos governos Federal e Estadual, que têm afetado em maior ou menor escala as universidades públicas da região, é um reflexo deste tipo de ação. É natural que, em um primeiro momento, toda redução dos recursos disponíveis gere incômodos e exija algum tipo de reorganização por parte das instituições, que precisam se adequar a este novo cenário.
Contudo, o que não pode acontecer, em hipótese alguma, é que os serviços ofertados pelas instituições de ensino sejam afetados negativamente, a ponto de prejudicar o desenvolvimento dos alunos e também das pesquisas acadêmicas. Todas as nações em desenvolvimento que obtiveram êxito em elevar a sociedade a patamares superiores de bem-estar coletivo utilizaram a educação como principal suporte. Desta forma, ainda que haja outras ideias para levar um país livre a se tornar desenvolvido, o fato é que, na prática, o investimento em escolas é a única experiência exitosa conhecida.
Estes cortes vêm na esteira da fala do presidente Jair Bolsonaro, de que as instituições de ensino no Brasil promovem “balbúrdia”. A palavra significa, em essência, “caos”. A fala provocou diversas reações das universidades, que se esforçaram para divulgar suas produções acadêmicas e provar que, como apontou o pesquisador Edward Lorenz, a ordem nasce justamente do caos.
É inegável a importância das instituições de ensino superior para o avanço do Brasil. Se há trabalhos questionáveis no ambiente acadêmico nacional, é fato que a imensa maioria dos alunos e professores desenvolve trabalhos importantes para a sociedade, como tem sido amplamente divulgado pelas próprias instituições após a fala do presidente. Talvez a polêmica sirva para aproximar universidade e sociedade, fazendo com que os bons trabalhos possam sair dos muros dos campi e ganhem apoio do restante da população. Afinal, não se pode defender aquilo que não se conhece. O que não pode acontecer é estes bons trabalhos pagarem pelas falhas daqueles que não levam a lugar algum. É isto que o poder público precisa estar atento. Isto é equilíbrio.