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Mulheres avançam nas forças de segurança

RENAN VALLIM E IVAN MALDONADO APUCARANA E IVAIPORÃ

| Edição de 24 de junho de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O número de mulheres integrando as forças de segurança na região tem crescido nos últimos anos. São pelo menos 79 policiais militares, bombeiros e guardas municipais femininos atuando no Vale do Ivaí e municípios vizinhos. Por ser um fenômeno ainda relativamente recente, elas afirmam que ainda há problemas que precisam ser enfrentados para que o tratamento seja igualitário, tanto dentro quanto fora dos quartéis.

No 10º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Apucarana, que abrange 12 municípios, a primeira policial militar feminina entrou na corporação apenas em 2002, transferida de outra unidade do estado. Atualmente, são 34 mulheres lotadas, número 36% maior do que há três anos, quando foi iniciada a última Escola de Soldados, que ajudou a ampliar o quadro. O comandante da unidade, major Roberto Cardoso, afirma que é extremamente positivo o avanço no número de policiais femininas. 
“A presença maciça de homens nas forças policiais se dá por uma forma de atuação da polícia de anos atrás, que não mais condiz com a atualidade. A mulher, ao longo do tempo, tem ganhado cada vez mais espaço em todos os setores da sociedade e a PM está acompanhando esta evolução da sociedade. Hoje, a presença feminina é essencial, até para resguardar a integridade de pessoas abordadas em ações policiais. A PM do Paraná não se vê, hoje, sem as policiais”, destaca. 
Ele lamenta ainda haver preconceito com relação ao trabalho feminino. “As mulheres dentro da corporação têm os mesmos direitos, deveres e responsabilidades. Até porque, atualmente, o Comando-Geral da PM é ocupado pela coronel Audilene Rosa de Paula Dias Rocha. Apesar disso, sabemos que, por conta de um problema cultural da nossa sociedade, infelizmente algumas pessoas ainda olham com desconfiança para a atuação feminina. Este é um problema que acredito que está sendo superado até de forma acelerada, mas ainda deve levar algum tempo até ser totalmente sanado”.
Uma das mulheres que integram o 10º BPM é a soldado Geise Sorci Barbosa, que entrou na corporação em 2006, junto a outras 13 policiais. “Aquela foi a primeira escola do nosso batalhão a admitir mulheres. Me lembro que, até que os próprios colegas se acostumassem conosco, demorou um tempo. Muitos achavam que não éramos capazes, mas a situação já melhorou bastante. O principal preconceito que ainda recebemos vem de fora do batalhão, quando realizamos ações nas ruas”, diz.

BOMBEIROS
Já no 4º Subgrupamento de Bombeiros Independente (SGBI) de Apucarana atuam cinco mulheres. A tenente Ana Paula Zanlorenzzi é uma delas. “As primeiras mulheres ingressaram no Corpo de Bombeiros de nosso estado em 2005 e, desde então, vêm assumindo as mesmas funções e responsabilidade que os homens desenvolvem na corporação. A presença feminina nas forças de segurança serve para mostrar que não deve haver distinções entre sexos no desenvolvimento do trabalho, porque a formação é a mesma e as responsabilidades na vida militar também são”.
Ela destaca que as características diferentes de mulheres e homens fazem com que eles sejam essenciais e se complementem. “Em algumas ocorrências, a força masculina pode ser o diferencial e, em outras, a destreza e a atenção femininas podem fazer a diferença. Dependendo das situações, a estatura mais alta de um bombeiro facilita o alcance de uma estrutura mais alta. Já a estrutura física feminina permite que ela entre em espaços menores para alcançar uma vítima que está presa”, destaca.

Imagem ilustrativa da imagem Mulheres avançam nas forças de segurança
Tenente Ana Paula Zanlorenzzi, do Corpo de Bombeiros de Apucarana: mulheres ingressaram na corporação em 2005 | Foto: Sérgio Rodrigo

PM de Arapongas conta com 12 policiais femininos
Em Arapongas, 12 mulheres integram o quadro da 7ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM). Caso da soldado Gisele Zanin Batista, que integra o setor de Relações Públicas da unidade. “As mulheres estão avançando bastante em todas as áreas da sociedade, e na polícia não é diferente”, diz.
Ela afirma que, apesar dos avanços, há ainda questões a serem resolvidas. “Tanto dentro quanto fora da corporação, ainda enfrentamos algumas dificuldades. Há ainda muito o que evoluir, mas a situação está melhorando”, afirma.
Outro órgão com boa presença feminina é a Guarda Municipal (GM), que inclusive possui a Patrulha Maria da Penha, composta majoritamente por mulheres e voltada ao atendimento de vítimas de violência doméstica. O cargo de coordenação da unidade também é ocupado por uma mulher, a GM Michele Oliveira. São 11 mulheres de um efeitvo e 83 agentes. Já na GM de Apucarana, dos 30 guardas, duas são mulheres. Já o Corpo de Bombeiros de Arapongas é o único órgão da região sem mulheres em seu quadro. A unidade contava até recentemente com duas bombeiros femininas, que foram transferidas há poucos meses.

Oficiais em postos de comando
Há 10 anos, a 6ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) de Ivaiporã tinha no efetivo apenas 3 policiais femininas,. Hoje são 14. Uma delas é a oficial de  comando do setor de logística, a tenente Vanderléa de Farias.
Ela disse que integrar a tropa vai além da satisfação pessoal, e fica feliz com o espaço que vem sendo conquistado pelas mulheres também na segurança pública. “A presença da mulher na PM dá esse toque de sutileza, mas o que importa é ser firme no objetivo, ter competência e profissionalismo. Isso, nossas policiais vêm demonstrando dia após dia”. 
No 1º Subgrupamento do Corpo de Bombeiros de Ivaiporã, a única mulher lotada na guarnição é a tenente Luisiana Guimarães Cavalca, que é subcomandante da unidade. “A diferença das mulheres para os homens é que temos um pouquinho menos de força, mas usamos técnicas e conseguimos fazer a atividade tranquilamente. Cada um tem suas características e todos contribuem para o crescimento da corporação”, ressalta.
Ela, que é mãe de um filho e está na segunda gestação, relata que, quando confirmada a gravidez, as militares são afastadas do serviço operacional. Após a gestação, elas também têm pausas para amamentar seus filhos até os dois anos de idade. “É uma normativa da PM e do Corpo de Bombeiros do Paraná que respeita e auxilia muito as mães. Independe de ser bombeira ou não, ela é respeitada como mãe e como mulher”, completa.