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Pela 1ª vez, óbitos superam nascimentos

Cindy Santos

| Edição de 17 de junho de 2021 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O número de mortes ultrapassou o de nascimentos pela primeira vez na história recente de Apucarana e Arapongas. Dados do portal da Transparência do Registro Civil mostram que em maio deste ano foram 302 mortes contra 277 nascimentos, nos dois maiores municípios da região. 

Em Apucarana foram 154 de óbitos e 144 nascimentos no mês passado, quando o município registrou recorde de vítimas de coronavírus. Em abril o município registrou mais nascimentos (144), porém teve uma pequena diferença em comparação com as mortes (132). Em maio, Arapongas registrou 148 óbitos e 133 nascimentos pelo segundo mês consecutivo, já que em abril o município teve 145 e 131 respectivamente. 
Professor de geografia Reginaldo Cavalcante Agostini, de Apucarana, afirma que a pandemia interferiu nos dados, mais especificamente na redução no número de nascimentos, porque muitas mulheres optaram por não engravidar no período. “A pandemia começou em março do ano passado e já temos o resultado das mulheres que adiaram os planos ou acabaram engravidando no fim do ano passado”, observa. 
Na opinião de Agostini, o número de mortes registrado nos dois municípios não influenciou tanto no resultado, porque segundo ele, percentualmente a taxa não é tão relevante no contexto geral da população. “De certa forma, houve uma substituição dos tipos de morte durante a pandemia. Muitas pessoas que passaram a trabalhar em casa, deixaram de dirigir com mais frequência, então ocorreram menos acidentes no trânsito e menos exposição a determinados tipos de serviço”, analisa.
O especialista também destaca que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já previa o cruzamento dessas duas linhas - mortes e nascimentos - daqui a duas décadas, entre 2040 e 2050. Mas a pandemia de Covid-19 poderá adiantar esse fenômeno. “Cada ano que passa vai diminuir um pouco o crescimento populacional até zerar”, comenta. 

De acordo com o professor Reginaldo Agostini, a região tem uma taxa de natalidade menor do que a média brasileira, por influência de fatores como número de mulheres no mercado de trabalho e também pelo custo elevado para criar filhos. Por estes e outros fatores, a tendência é que no futuro a taxa de mortalidade seja maior que a de natalidade.
“Nossa região tem essa característica e essa tendência com certeza vai continuar. Em 1960 a quantidade de filhos por mulher era de 6,3. No Censo de 2010, caiu para 1,9. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar a taxa de fecundidade é 1,7 filhos por mulher. As próximas gerações farão essa taxa cair para 1,5 porque muitas mulheres estão optando por não ter filhos e como a qualidade de vida está melhor, temos um grande número de idosos. Então a tendência é que no futuro a taxa de mortalidade seja maior que a de natalidade. É um padrão para o futuro, mas não tão breve”, explica.