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Polícia investiga ‘chácara do tráfico’

Renan Vallim

| Edição de 11 de agosto de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A Polícia Civil de Apucarana retornou ontem a um cafezal que foi tomado e estava sendo utilizado pelo crime organizado na região norte da cidade. No local, que fica em área urbana, no Parque Bela Vista, traficantes da região tinham escondido dois corpos esquartejados que foram encontrados na semana passada. Ontem, durante a reconstituição da participação de um dos envolvidos no crime, uma nova cova foi encontrada na área. Partes de corpos também foram localizados.

Imagem ilustrativa da imagem Polícia investiga ‘chácara do tráfico’
Ontem, mais uma cova foi encontrada em meio ao cafezal plantado na chácara | Foto: Delair Garcia


Por estar sob linhas de transmissão de energia elétrica de alta tensão, o cafezal fica dentro do espaço de domínio da Eletrosul, empresa subsidiária da Eletrobras. De acordo com a Polícia Civil, o terreno havia sido ocupado há cerca de 13 anos por um morador, que passou a viver no local e a plantar café.
No entanto, ainda segundo os policiais, o homem foi expulso da terra por traficantes de drogas daquela região. “Há cerca de quatro meses, esses traficantes passaram a utilizar o local como ponto de venda e consumo de drogas”, afirma o delegado-chefe da 17ª Subdivisão Policial (SDP) de Apucarana, José Aparecido Jacovós.
Desta chácara, na semana passada, dois corpos esquartejados e decapitados foram desenterrados e depois jogados em um poço no terreno ao lado, onde funciona um ferro-velho. Segundo investigações, os corpos seriam de Arislian Glenda Lemos, de 24 anos, e Valdecir Amarildo Gonçalves, de 52 anos. Segundo a polícia, ambos eram usuários de drogas e estavam devendo para os traficantes.
Na ocasião, Marcos Rafael Bota, de 23 anos, foi preso por suspeita de ocultação de cadáver. Ele estava no local com um carrinho de mão e uma faca. Ao dar prosseguimento com as investigações, a Polícia Civil chegou a Rogério de Souza Bernardino, de 30 anos. Ele teve o mandado de prisão preventiva cumprido anteontem, em Mandaguari, onde estava escondido na casa da irmã.
NOVA COVA

Rogério confessou que é usuário de drogas e comprava entorpecentes na chácara, que fica na Rua Juvenal Cantador. Com uma dívida de R$ 80, ele conta que foi obrigado a cavar uma cova entre os pés de café na chácara para quitar o débito. Ele, entretanto, nega participação na morte das duas vítimas encontradas no local.
“Como ele estava colaborando com as investigações, levamos ele até a chácara e pedimos que ele nos levasse até a cova, para fazermos uma espécie de reconstituição da participação dele, como parte das investigações. Ficamos surpresos quando ele não nos levou à cova já conhecida pela polícia, mas a outro ponto do cafezal. Então começamos a cavar o ponto onde ele afirmava ter feito a escavação e encontramos cabelos, uma mão e um pé humanos”, afirma Jacovós.
Ainda não se sabe se os restos mortais pertencem às vítimas já conhecidas, ou se são de outro cadáver. “A ideia inicial era de que as duas vítimas teriam sido enterradas juntas, na mesma cova. No entanto, agora acreditamos que cada corpo foi colocado em covas separadas”, afirma Roberto dos Santos, investigador responsável pelo setor de Homicídios da 17ª SDP.