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Suicídios fazem mais vítimas que criminalidade

Adriana Savicki

| Edição de 11 de setembro de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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No ano passado, os suicídios fizeram três vezes mais vítimas que a criminalidade em Apucarana. Foram 12 mortes autoinfligidas contra 4 assassinatos. Desde janeiro, já são 10 suicídios registrados. O número equivale a mais de um terço de todos óbitos da região, que vêm crescendo de forma preocupante.

Desde janeiro, foram 29 casos na área da 16ª Regional de Saúde. No ano passado, o suicídio fez 44 vítimas na região, uma incidência 25% maior que em 2017, que somou 35 casos. A mobilização contra a depressão e suicídio é tema da campanha Setembro Amarelo, que visa abrir espaço para conscientização a respeito do tema.
O tema foi abordado ontem pela Autarquia Municipal de Saúde (AMS) de Apucarana, que fez uma mobilização em alusão ao Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.
As atividades se concentraram na Praça Rui Barbosa e a programação teve balões decorando os espelhos de água em frente às escadarias da Catedral Nossa Senhora de Lourdes e flores amarelas de papel nos canteiros ao lado da catedral. Também foi promovida uma blitz amarela com distribuição de fitas para os motoristas.
“O mês de setembro é utilizado mundialmente para prevenção do suicídio. Essa é uma questão de saúde pública, nove em cada dez destas mortes poderiam ser evitadas, pois a pessoa passava por um transtorno mental naquele momento e não recebeu a ajuda a tempo”, afirma a psicóloga do Departamento de Saúde Mental da AMS, Karinne Mareze Carleto.
A rede pública de saúde mental de Apucarana oferece cuidado integral ao usuário através do Centro de Atendimento Psicossocial Infanto Juvenil de Apucarana (CAPS IJ), Centro de Atendimento Psicossocial de Apucarana Álcool e Drogas (CAPS AD), CAPS do Vale do Ivaí “Nova Mente”, em Cambira; e ainda através do ambulatório do Departamento de Saúde Mental da AMS.
Os pacientes que necessitarem de atendimento na área de saúde mental devem procurar a Unidade Básica de Saúde de seu bairro. Em seguida são encaminhados ao Departamento de Saúde Mental da AMS, onde serão agendadas as consultas com psicólogo e psiquiatra, de acordo com a necessidade de tratamento de cada um.

Apoio psicológico 
é fundamental 
De acordo com a psicóloga Tais Calheiros, ajuda profissional é fundamental para que a pessoa em condição de sofrimento diminua excessos que favorecem o comportamento suicida. “O psicólogo é uma pessoa mais voltada a uma terapia verbal. O profissional faz toda análise para auxiliar essa pessoa a desenvolver recursos para sair dessa condição. Mas a gente tem que lembrar que os terapeutas não têm controle total do paciente. Somos capazes de ajudar quem quer ser ajudado e tentar desenvolver em quem não quer ajuda, condições para que a pessoa queira ser ajudada”, destaca.
A psicóloga também destaca que o apoio da família e de amigos é imprescindível para ajudar quem está em sofrimento. Outro fator destacado por ela é a importância de mudar o conceito sobre suicídio formulado pela sociedade. “É importante que a sociedade entenda o suicídio de uma outra maneira, não como uma frescura ou algo passível de julgamento e condenação. Mas entender que é uma pessoa que apresenta sofrimento, e oferecer apoio e acompanhamento psicológico pode ajudar muito”, afirma.
Tais também explica que falar de suicídio nem sempre é falar de depressão ou outros transtornos psicológicos. Segundo ela, o comportamento suicida significa autoextermínio, retirada deliberada, consciente e proposital da própria vida e pode ser desencadeado por múltiplos fatores. “É um fenômeno completo de difícil controle e prevenção e que é multideterminado”, assinala.
Dentre os principais fatores de risco a psicóloga destaca o isolamento social, mudança no padrão de comunicação, falta de expressão facial, exposição a riscos desnecessários, uso e abuso de substâncias químicas e abandono de posses, que sempre surgem associados a outros comportamentos. (CINDY SANTOS)