POLÍTICA

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Com apoio popular, vereadores se perpetuam nos legislativos

Edison Costa

| Edição de 16 de abril de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Na Câmara Federal ou nas assembleias legislativas há muitos deputados federais e estaduais que há décadas estão mantendo seus cargos a cada eleição. São parlamentares que, na maioria dos casos, criaram um reduto eleitoral desde o primeiro mandato ou que de alguma forma têm convencido os eleitores dos seus trabalhos realizados. Além disso, contam também com o apoio de prefeitos, vereadores e de lideranças políticas com grande influência junto ao eleitorado.
O mesmo acontece nas câmaras municipais. Há vereadores que também por muitos mandatos estão ocupando cadeiras no Legislativo. São os chamados “campeões de voto”, como dizem os próprios eleitores, para denominar esses que pleito por pleito vão conseguindo sua reeleição.
Isso acontece em todo o País, no Estado e não é diferente nos municípios do Vale do Ivaí e cidades vizinhas. O número de vereadores com três, quatro e cinco mandatos é significativo. E há quem já ultrapassou essa cifra.

Imagem ilustrativa da imagem Com apoio popular, vereadores se perpetuam nos legislativos


É o caso do comerciante José Carlos Mendonça (PSDB), de Lunardelli. Ele já está no seu oitavo mandato de vereador no município. A primeira vez que se elegeu foi na eleição de 1982, quando tinha 26 anos de idade. Hoje está com 61. Neste pleito de 82 ele foi vereador para o exercício de 1983 a 88, uma vez que houve prorrogação de mandato para seis anos.
Na sequência, Mendonça foi vereador de 89 a 92 e não se candidatou à reeleição. Mas voltou a ser candidato novamente em 96, sendo eleito vereador para o período de 97 a 2000. De lá para cá não parou mais. Foi novamente vereador de 2001 a 2004, de 2005 a 2008, de 2009 a 2012, de 2013 a 2016 e agora reeleito para o mandato de 2017 a 2020. Por cinco biênios foi presidente da Câmara.
Mendonça não se sente surpreso com as votações que o levam a se reeleger vereador. “O segredo de tudo isso é ser honesto com você mesmo e com o eleitorado”, afirma. Segundo ele, é preciso ter um trabalho realizado junto à população, credibilidade e também sinceridade.
Mendonça reconhece que ajudar as pessoas em suas necessidades não é função de vereador, mas é o que tem feito ao longo da sua vida porque “não se pode virar as contas para quem pede alguma coisa”. Segundo ele, pelo menos 30% das famílias de Lunardelli já receberam alguma ajuda sua de um jeito ou de outro. “Mas eu sou muito sincero. Quando uma pessoa pede ajuda e eu não posso dar, já aviso na hora. Quando dá, dá, quando não dá, já falo cara a cara. Muitas vezes a pessoa vai embora chateada, mas depois acaba reconhecendo a minha posição”, declara.
Nos seus oito mandatos de vereador, Mendonça nunca se candidatou a prefeito. Ele diz que já teve oportunidade, mas teve que abrir mão por conveniências partidárias. “Além disso, só saio candidato a prefeito se tiver condições de bancar uma campanha eleitoral. O que não faço é vender a alma para conseguir votos e depois receber cobranças por causa disso no poder”, afirma.

Cargo é visto como para-choque
Em Ivaiporã também tem um vereador campeão de votos e de reeleição para o cargo. Trata-se de Edivaldo Aparecido Montanheri, 52 anos, o popular Sabão, filiado atualmente ao PTB. Sabão está no seu quinto mandato consecutivo de vereador, tendo sido eleito pela primeira vez em 2000.
Sabão é funcionário público municipal há 28 anos e durante todo este tempo sempre trabalhou como motorista do transporte escolar. Em 2002, quando se candidatou pela primeira vez, foi eleito com 606 votos. Nas eleições seguintes sempre obteve mais de 700 votos.
Na sua opinião, o que tem colaborado para a sua reeleição é o trabalho feito no dia a dia junto aos moradores de Ivaiporã. “O vereador tem que atender à comunidade na correria do dia a dia. Não podemos deixar de atender a ninguém que nos procura por necessidade”, afirma Sabão, embora admitindo que isso não é a função primordial de um vereador. “Mas o vereador é a primeira pessoa que um morador de bairro procura antes de falar com o prefeito. O vereador é o para-choque dos problemas de uma comunidade e vai ser sempre assim”, comenta Sabão, que mora na Vila Nova Porã, um dos bairros mais populosos de Ivaiporã. (E.C.)

Bertoli segue tradição familiar em Apucarana
Vereador ocupa cadeira ra no Legislativo 
pela quinta vez
Em Apucarana, dos vereadores da atual legislatura, o que mais acumula mandatos ao longo da sua história política é o presidente do Legislativo, Mauro Bertoli (DEM). Aos 52 anos de idade, ele está exercendo agora o quinto mandato de vereador, que começou com sua eleição no pleito do ano 2000. Esta é a terceira vez que ocupa a presidência do Legislativo. 
Em todas as ocasiões, ele sempre foi um dos candidatos mais votados.
No entanto, quem mais exerceu vereança na Câmara de Apucarana foi Satio Kayukawa, que foi vereador por sete mandatos entre os anos 1972 e 2008. Desses, cinco mandatos foram consecutivos. Em outras ocasiões ele foi candidato a vice-prefeito e a deputado estadual. 
Mauro Bertoli, que é empresário rural e urbano, considera que sua eleição para vereador em todos esses anos é resultado do seu serviço prestado e da confiabilidade que tem junto à sociedade apucaranense. “Quem tem um serviço prestado à comunidade e é confiável ganha votos”, afirma Bertoli, que foi reeleito no ano passado com 1.681 votos.
Além disso, Bertoli lembra que exercer cargo político é uma tradição familiar e porque toda a família se envolve na campanha política. Isso começou nos anos 70, quando seu avô João Bertoli foi eleito vereador. Nos anos 80 foi a vez do seu tio Valdevino Bertoli e nos anos 90 foi eleito seu pai Volveno Bertoli. “Do ano 2000 para cá eu me elegi vereador e não parei mais”, diz Mauro.
Além de Mauro Bertoli, dos atuais vereadores de Apucarana quem tem mais mandato é José Airton Deco de Araújo (PR), que já está no seu quarto mandato. Ele foi eleito em 2008 e nunca mais deixou o poder, tendo sido presidente da Câmara por duas vezes consecutivas.
Em Arapongas, o vereador que mais ocupou cadeira no Legislativo foi Jair Milani (PP), num total de cinco mandatos. Mas hoje ele ocupa o cargo de vice-prefeito pela terceira vez. Senão poderia ter mais mandatos de vereador. (E.C.)